Orlando: é importante agirmos para alterar realidade dramática do país
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP) foi recebido pelos representantes da categoria petroleira nesta quarta-feira (30), em reunião ampliada da Direção Plena da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Depois de contextualizar a atual conjuntura política brasileira e a posição do País sob a perspectiva da geopolítica mundial, o deputado destacou a importância da participação dos trabalhadores na reconstrução nacional, enfatizando que “mesmo que a premissa esteja no desenvolvimento nacional e econômico, o foco deve estar voltado para a valorização do trabalho e dos trabalhadores”. E não deixou de mencionar o caráter democrático das alianças feitas no campo da esquerda, que deve unir forças contra o bolsonarismo.
A aliança é contra o bolsonarismo
Orlando Silva salientou a importância da construção de um discurso político que se identifique com a classe trabalhadora, e que chegue diretamente a ela. E também que haverá muito trabalho pela frente depois das eleições. “Se nós ganharmos a eleição, teremos que encarar a reconstrução nacional e teremos que enfrentar agendas que antes não enfrentamos, como a reposição dos direitos constitucionais dos trabalhadores retirados neste período”. Será hora, afirmou, “de revogar medidas e enfrentar agendas como a reforma do Estado, as reformas agrária e urbana e a redemocratização dos meios de comunicação.” A reforma trabalhista deve ser revisada para se adequar às conquistas da luta dos trabalhadores e garantir o direito de associação, pondo fim aos ataques que o movimento sindical vem sofrendo.
O deputado destacou que o Brasil não pode se submeter à lógica da hegemonia estrita sob a perspectiva americana, que traz valores negativos para os trabalhadores brasileiros, como foi a reforma trabalhista feita no Brasil, inspirada na experiência americana que carrega o trabalho precário como marca.
Para ele, o Brasil precisa ocupar lugar nessa disputa global, e é tarefa dos partidos de esquerda apontar o rumo do desenvolvimento da humanidade, executando projetos baseados na solidariedade que aproximem a sociedade do seu objetivo principal, um governo que sirva aos interesses dos trabalhadores. Daí a necessidade de os trabalhadores participarem do debate e da agenda que deve pautar o novo governo do Brasil, com o objetivo de “alterar a realidade dramática que nosso país vive”.
Essa análise teve por base uma reflexão que o deputado fez sobre o lugar que o Brasil deve ocupar diante das mudanças provocadas pela pandemia de Covid no tabuleiro geopolítico mundial. “Quando começou a pandemia, todos queriam saber onde estavam as máscaras, depois queriam saber onde estavam os respiradores e, finalmente, veio o debate sobre as vacinas”.
A China se contrapôs à ideia hegemônica ocidental acerca da divisão internacional da produção econômica, que passou a ser mais questionada com a pandemia, mas que já incomodava muitas nações, haja vista o forte esforço para a industrialização dos EUA que começou na época do Obama, chamado de “Nova Manufatura”. Essa política seguiu intocada durante o governo Trump e segue agora com Biden. Outro exemplo é o “Indústria 4.0”, nome do programa alemão, desenvolvido com o objetivo de expandir a indústria do país e reduzir a dependência de outros mercados. Para Orlando Silva, até mesmo o debate reaberto sobre o uso da energia nuclear tem a ver com o processo da dependência da Europa (em particular da Alemanha) em relação ao gás que é produzido na Rússia.
Petroleiros: uma das linhas de frente na luta dos trabalhadores
Num recado direto aos dirigentes sindicais petroleiros, o deputado sinalizou a importância de se criar um documento indicando as posições do setor do petróleo em relação a essa luta e que devem estar presentes nos programas, nos compromissos e nas ideias que vão ancorar as diversas candidaturas no campo da esquerda. “É preciso construir caminhos e alianças, além de comitês populares de luta, para mobilizar nosso povo,” afirmou. Na sua visão, os petroleiros estão na linha de frente na resistência, por isso devem continuar organizando a luta popular e fazer trabalho de formação, além de ajudar a recuperar o papel do Estado e das instituições públicas.
O combate às fake news
Paulo Neves, diretor da FUP e do Sindipetro AM, questionou o deputado com relação à onda de fake news e à batalha virtual para se ganhar a eleição. “O que fazer diante do grande big data que o governo vem criando, lançando mão de todas essas ferramentas digitais? Sabemos que o governo atual está fazendo banco de dados, como devemos nos precaver com o que o governo pode fazer com todos esses dados?” Orlando Silva lembrou que foi o relator da Lei Geral Proteção de Dados Pessoais e que esta semana segue apresentando um relatório, criminalizando quem promove e financia a disseminação de fatos falsos e desinformação no ambiente virtual. “É preciso mirar quem financia, porque há a prática do crime e há o financiamento do crime. Nesse sentido, é necessária a tipificação penal das condutas e a imputação de responsabilidades”.
Por Maria João
(PL)