Orlando defende unidade política em torno de CPIs contra Bolsonaro
Parlamentares da oposição, incluindo da bancada do PCdoB, apontam que depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, ruiu a versão de Bolsonaro. O presidente vinha tentando desmentir o ex-ministro Sergio Moro quanto a denúncia de intervenção na Política Federal em benefício da própria família e de amigos. Por isso, os congressistas ampliam a pressão pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso. O objetivo é investigar este e outros crimes que podem ter sido cometidos pelo presidente.
“A publicação do vídeo da reunião ministerial e das mensagens de Bolsonaro a Moro agravam a situação política no País”, afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), autor de um dos pedidos de CPI que circulam na Câmara. Para ele, a unificação dos pedidos de abertura de CPI não precisa ser formal, reunindo todos os requerimentos em uma peça só. “A unidade pode se dar na política”, disse Orlando.
Até este domingo (24), o pedido de CPI elaborado por Orlando tinha 101 assinaturas. O número mínimo necessário para instalar a comissão é de 171 parlamentares na Câmara dos Deputados e 27 no Senado. Caso criada, a CPI poderá solicitar depoimentos e ter acesso a diversos documentos do governo federal que uma comissão normal da Câmara ou do Senado não teria.
Para Orlando Silva, a dificuldade será viabilizar a CPI por meio de sessões virtuais, sem que parlamentares estejam presencialmente em Brasília.
Fora Bolsonaro!
A investigação dos crimes cometidos por Bolsonaro em uma CPI deve correr paralelamente aos trâmites relativos aos 36 requerimentos de impeachment de Bolsonaro que já estão nas mãos do presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Um dos pedidos, coletivo e popular, foi assinado pelo PCdoB, por diversos partidos e mais de 400 personalidades e entidades da sociedade civil.
Além do vídeo, informações divulgadas pelo Estadão, no sábado (23), evidenciam que o presidente falava, de fato, da Polícia Federal – e não da sua segurança pessoal – quando exigiu substituições nessa área na reunião ministerial de 22 de abril. Mostra ainda que Bolsonaro, antes da reunião no Planalto, enviou mensagem pelo WhatsApp para Moro comunicando que já havia decidido demitir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. “Moro, Valeixo sai esta semana”, escreveu o presidente às 6h26 do mesmo dia, a poucas horas da reunião. “Está decidido”, continuou ele, em outra mensagem enviada na sequência.
Com a autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para as investigações, Bolsonaro pode ser enquadrado em seis crimes: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, prevaricação. Se houver denúncia, a Câmara aprovar o prosseguimento e o STF aceitar a abertura de ação penal, o presidente é afastado do cargo automaticamente por 180 dias.
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