Orlando Silva defende acareação entre Wajngarten e Pazuello

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid inicia a semana botando ainda mais pressão sobre o governo Bolsonaro. Na terça-feira (11), o depoimento do ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, pode consolidar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como “bode expiatório” na condução do combate à pandemia de Covid-19 ou levar Bolsonaro “à cena do crime, com a recusa das vacinas”. A avaliação é do vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que defende uma acareação entre Wajngarten e Pazuello no colegiado para contrapor as versões.

“A princípio, Wajngarten não seria personagem tão importante na CPI. Até que, por livre e espontânea vontade, resolveu atravessar a rua para escorregar na casca de banana na outra calçada. Foi a famosa entrevista à Veja que lhe trouxe à ribalta. A contribuição do ex-Secom à defesa de Bolsonaro foi dizer: o fracasso do governo na Pandemia tem nome, sobrenome, CPF e número de Pix, apontando o dedo para Pazuello como o incompetente causador da ruína. É uma meia verdade”, destacou o parlamentar.

Segundo Orlando Silva, Pazuello mimetizou a incompetência do governo na condução da pandemia, mas o parlamentar lembra que o general era mero cumpridor de ordens.

“A tese tem um problema de origem: coloca Bolsonaro como um mero espectador de seu próprio governo. Contraria o bom senso e o “um manda, o outro obedece”. Contudo, a essa altura do campeonato, é conveniente ao governo encontrar um bode expiatório. A CPI terá que produzir uma vítima. O correto é que seja Bolsonaro, mas à defesa deste convém imolar Pazuello. Não à toa, o ex-ministro transpira desespero. Por outro lado, a depender do que Wajngarten e os executivos da Pfizer disserem, o próprio Bolsonaro poderá ser levado à cena do crime – a recusa das vacinas. Não dá para ser protagonista e coadjuvante ao mesmo tempo. Ou mandou ou se omitiu”, avalia Orlando.

Para ele, está às mãos da CPI, além dos depoimentos, promover acareação entre Wajngarten e Pazuello. “Aí seria um barata-voa de consequências imprevisíveis. A chance de controlar as versões num tête-à-tête é muito menor, ainda mais naquele ambiente de tensão. Quem viver verá”, pontuou.

Enquanto o depoimento de Wajngarten está previsto para esta terça, Pazuello tenta se esquivar da ida ao colegiado. O ex-ministro deveria ter comparecido à CPI na última semana, no entanto, alegou ter encontrado pessoas que testaram positivo para a Covid-19 para se esquivar do depoimento.

Agora, a tentativa da defesa do ex-ministro é evitar que ele compareça na condição de testemunha. Dessa forma, Pazuello é obrigado a dizer a verdade e não pode ficar calado diante das perguntas. Se for à CPI como investigado, Pazuello poderá se calar.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou esta semana que chegou à comissão a informação de que Pazuello pode tentar obter um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não depor como testemunha. Pazuello alegaria que é investigado em um processo, que agora tramita na 1ª instância da Justiça, por omissões no comando da Saúde na pandemia.

 

Por Christiane Peres

 

(PL)