Reportagem deste domingo (9) do jornal O Estado de S.Paulo revelou que Bolsonaro teria montado um “Orçamento paralelo” por meio do qual movimentou R$ 3 bilhões para bancar indicações de aliados no Ministério do Desenvolvimento Regional. Pelo esquema, os parlamentares assinalavam à pasta onde os recursos seriam alocados. Os valores eram superiores aos R$ 8 milhões que cada parlamentar tem direito em emendas.

O jornal teve acesso aos ofícios encaminhados pelos parlamentares ao ministério. Preferencialmente, os recursos foram alocados na Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), onde eram liberados com mais facilidades. No chamado Bolsolão, tratores foram comprados por valores 259% acima do preço de mercado.

Segundo a denúncia, o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), teria direito a R$ 277 milhões. Ainda são citados na reportagem a deputada e atual ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL-TO), Vicentinho Junior (PL-TO), Ottaci Nascimento (SD-RR), Bosco Saraiva (SD-AM) e Lucio Mosquini (MDB-RO).

“Genocida e corrupto! Reportagem revela esquema de Bolsonaro com R$ 3 bilhões em emendas para auxiliar sua base no Congresso. Teve até compra de tratores superfaturados!  #tratoraço #bolsolão”, escreveu no Twitter a vice-líder da Minoria na Câmara, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), a denúncia é escandalosa. “São 3 bilhões gastos às escondidas para comprar apoio de deputados e tratores superfaturados em cerca de 250%. Isso pagaria mais de 58 milhões de doses da vacina Pfizer no valor da primeira oferta”, reagiu a parlamentar. “É motivo para abertura de processo de impeachment, segundo o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho. Esse presidente genocida e corrupto precisa ser parado urgentemente! Impeachment já!”, defendeu.

A vice-líder da Oposição, deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), lembrou que em abril, logo após aprovação do orçamento de 2021, já apontava indícios do novo escândalo dos “anões do orçamento” – a classificação faz referência ao processo que, no início dos anos 1990, culminou na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar esquema de uso de emendas parlamentares para engordar as contas bancárias de congressistas de menor notoriedade e resultou na cassação de seis deputados e na renúncia de outros quatro.

“Cantei a pedra em 11/04, falei do novo escândalo dos “anões do orçamento”. Alertei o TCU. Afirmo: a investigação precisa ser de fora para dentro. Oposição não tem força sozinha, já que a grande maioria da Câmara é base bolsonarista, beneficiada com o esquema do orçamento paralelo”, pontuou Perpétua.

 

Por Iram Alfaia

 

(PL)