Boris Johnson disse que agora está recebendo “números ilimitados” de refugiados ucranianos.

A agência da ONU para os refugiados (ACNUR) condenou o plano do governo inglês de realocar imigrantes ilegais para Ruanda, advertindo que as pessoas “não devem ser comercializadas como mercadorias”.

A declaração é em resposta ao anúncio na semana passada de uma nova ‘Parceria de Migração e Desenvolvimento Econômico’ entre a Grã-Bretanha e Ruanda, pomposo nome do arbitrário plano para empurrar negros indesejados para o país africano e que coincide com a chegada de novos refugiados louros e de olhos azuis.

O ACNUR exortou Londres e Kigali a “repensarem” os planos e a absterem-se de enviar requerentes de asilo e refugiados para a África Oriental para o processamento de pedidos de asilo.

“Pessoas que fogem de guerras, conflitos e perseguições merecem compaixão e empatia. Eles não devem ser comercializados como commodities e transferidos para o exterior para processamento”, disse a Alta Comissária Adjunta para Proteção do ACNUR, Gillian Triggs, em comunicado.

Segundo a mídia, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson quer ver os primeiros imigrantes serem empurrados para Ruanda em seis semanas.

Ao revelar o acerto de 150 milhões de libras esterlinas com Ruanda para expulsão de refugiados, o primeiro-ministro Johnson alegou que, embora a “compaixão da Grã-Bretanha possa ser infinita”, sua capacidade de ajudar as pessoas “não é”.

Segundo ele, desde 2015, o Reino Unido ofereceu refúgio para mais de 185 mil pessoas e agora está recebendo “números ilimitados” de refugiados ucranianos.

Por sua vez, Alta Comissária Adjunta do ACNUR, Gillian Triggs, denunciou que o plano britânico não apenas transfere as responsabilidades de asilo e aumenta os riscos para os migrantes, mas também contradiz “a letra e o espírito da Convenção sobre Refugiados”.

Triggs assinalou que é obrigação do Reino Unido “garantir o acesso ao asilo para aqueles que buscam proteção”.

“Aqueles que estão determinados a serem refugiados podem ser integrados, enquanto aqueles que não são e não têm outra base legal para permanecer podem ser devolvidos em segurança e dignidade ao seu país de origem”, disse a agência da ONU.

Para analistas, o plano de Boris Johnson para os refugiados africanos parece inspirado numa proposta do nazista Eichmann, o ‘Madagaskar Projekt’, que pretendia mandar 1 milhão de judeus para a enorme ilha na costa africana, durante quatro anos, com a transferência do controle da ilha transferido da França para o III Reich sob o acordo de rendição, plano apresentado em agosto de 1940. Como os britânicos ainda controlavam o Atlântico e a sua frota mercante não estaria à disposição dos alemães para ser utilizada, o projeto foi suspenso, registra a Wikipedia, e afinal abandonado pela ‘solução final’ no leste europeu.