ONU debate perigo de experimentos biológicos realizados na Ucrânia
A pedido da representação da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU iniciou nesta sexta-feira (11), em Nova Iorque, uma sessão de emergência para tratar das atividades biológico-militares dos EUA na Ucrânia.
O representante permanente da Rússia na ONU, Vassili Nebenzya, afirmou no início da sessão que, durante a operação militar do país na Ucrânia, saíram à luz “fatos verdadeiramente perturbadores sobre a limpeza urgente pelo regime de Kiev de vestígios de um programa militar-biológico, realizado por Kiev com o apoio do Departamento de Defesa dos EUA.”
Assinalou que o Ministério da Defesa russo obteve documentos que confirmam que “no território da Ucrânia foi formada uma rede de pelo menos 30 laboratórios” na qual “foram realizados experimentos biológicos extremamente perigosos, destinados a aumentar as características patogênicas do antraz” e outras doenças mortais.
De acordo com Nebenzya, os resultados das investigações foram enviados a centros biológicos militares dos Estados Unidos, que previamente haviam desenvolvido um papel fundamental no programa de desenvolvimento de armas biológicas.
Neste contexto, o representante russo na ONU forneceu detalhes do projeto UP-4, que foi realizado em laboratórios biológicos em Kiev, Kharkov e Odessa com o objetivo de estudar a probabilidade de transmissão de infecções perigosas por aves migratórias. Enquanto isso, os EUA financiaram ativamente esses e outros projetos biológicos na Ucrânia.
Nebenzya disse que a Rússia prevê a reação do Ocidente, que provavelmente alegará que se trata de informação e propaganda falsas. “Mas é improvável que esta auto-sugestão ajude a população europeia em caso de surtos de doenças perigosas na Ucrânia e países vizinhos […]. E o risco disso é muito real”, reiterou.
E foi exatamente assim que aconteceu. A representante dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que a Rússia solicitou a reunião do Conselho de Segurança “com o único propósito de mentir e espalhar desinformação”.
No dia 8, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que obteve documentos de laboratórios biológicos ucranianos que “certificam a destruição urgente de patógenos particularmente perigosos”.
A esse respeito, sua porta-voz, María Zakharova, frisou que tais ações foram realizadas para evitar a descoberta das “violações do artigo 1 da Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de Armas Biológicas e Toxínicas (CABT)”, para parte da Ucrânia e EUA
Isso foi reconhecido pela subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, quando afirmou que existem “instalações de pesquisa biológica na Ucrânia e que Washington está muito preocupado que as tropas russas assumam o controle delas”.
OMS recomenda que Ucrânia destrua patógenos perigosos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou “fortemente” à Ucrânia que destrua patógenos perigosos em laboratórios biológicos para evitar seu possível desvio, disse o serviço de imprensa do órgão às agências TASS e à Reuters na quinta-feira (10).
Questionada sobre o que deve ser feito para evitar o risco de propagação de patógenos perigosos de laboratórios norte-americanos localizados na Ucrânia, a organização enfatizou que “promove a biossegurança em laboratórios, ou seja, a prevenção da liberação acidental ou deliberada de patógenos”.
“Como parte dessa atividade, a OMS instou o Ministério da Saúde da Ucrânia e a outras autoridades responsáveis a destruir patógenos altamente perigosos para evitar qualquer possível desvio”, disse ele.