"Mesmo se você estiver vacinado, você ainda pode ser infectado e passar o vírus", diz porta-voz da OMS

A Organização Mundial da Saúde, OMS, reforçou sua recomendação sobre o uso da máscara, mesmo para pessoas já vacinadas ou quem já foi infectado pela Covid-19, contrapondo-se ao presidente Jair Bolsonaro que defendeu desobrigar o uso desse importante equipamento de proteção.

A porta-voz da OMS, Margaret Harris, na sexta-feira (11), questionada pelo jornalista Jamil Chade, do portal Uol, numa coletiva de imprensa em Genebra, fez a ressalva de que a agência não tem o poder de determinar o uso de máscaras em um país, mas foi incisiva na recomendação de que a proteção continue sendo usada.

“O que queremos é reduzir a transmissão da doença e não sabemos se as vacinas podem evitar transmissão”, explicou. “Usar a máscara, portanto, é para prevenir a transmissão”, alertou.

O escritório da OMS na Europa em sua mensagem foi claro: “Vacinas nos aproximam do final da pandemia, mas mesmo se você estiver vacinado, você ainda pode ser infectado e passar o vírus”.

Por isso, a OMS pede que países e sociedades “façam tudo o que for recomendado”. Isso inclui “manter distância segura, use a máscara e limpe as mãos”.

Na quinta-feira (10), Bolsonaro, passando instruções de forma aparentemente casual, disse que “conversou com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é, e ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que foram vacinados ou que já foram contaminados”.

O ministro Queiroga, porém, sem negar que esse é o plano do governo, disse que é preciso que a vacinação avance para que o plano seja colocado em prática.

Dados da OMS revelam que a pandemia da Covid-19 no Brasil vai na direção contrária da situação internacional. Em seu último boletim semanal, a agência indicou que o número de novos casos de contaminação caiu em 15% em sete dias no mundo. Mas, no Brasil, a tendência é de alta e o país registrou um aumento de 7% nesse mesmo período.

O alerta sobre a necessidade do uso da máscara já tinha sido feito no dia seguinte à decisão dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA que liberaram pessoas totalmente vacinadas da obrigatoriedade do uso de máscara ao ar livre e também em alguns ambientes internos.

“A pandemia não terminou, há muita incerteza com as novas variantes e precisamos manter os cuidados básicos para salvar vidas”, afirmou Maria van Kerkhove, líder técnica para a Covid-19 da OMS. “No caso de um país que deseja eliminar a obrigatoriedade da máscara, isso só deve ser feito no contexto de considerar tanto a intensidade de transmissão na área quanto o nível de cobertura vacinal”, ressaltou o especialista em emergências da organização, Mike Ryan.