Olívia fala sobre Conferência Antirracista e desafios da luta contra o racismo

O Partido Comunista do Brasil está se preparando para a sua primeira conferência nacional de combate ao racismo. Ainda sem data e local definido, a I Conferência Nacional do PCdoB de Combate ao Racismo: avançar na luta contra o racismo, pela democracia e pelo socialismo tem como objetivo atualizar a política, teoricamente e organizativamente, sobre o combate ao racismo e unificar mais o partido nesta linha de atuação.

A deputada estadual do PCdoB da Bahia e secretária nacional de Combate ao Racismo do partido, Olívia Santana, responsável pela organização do evento, afirmou ao Portal PCdoB que “o maior desafio para o enfrentamento do racismo é criar uma consciência coletiva sobre o papel estratégico da luta antirracista.”. Segundo ela, “é preciso que isso seja pauta de todas as direções partidárias nos estados, nos municípios, no sentido de que, além da militância orgânica do movimento negro, haja uma atuação dos demais envolvidos nessa busca de exercer uma atitude prática, ativista, de enfrentamento ao racismo”, disse.

Olívia ressalta que é preciso ter compromisso em todas as esferas, executivos e legislativos, com planos de trabalho que apresentem políticas públicas de enfrentamento ao racismo; e também na composição das diretrizes partidárias, promovendo lideranças negras e candidaturas negras nas eleições municipais, estadual e federal. De acordo com Olívia, “a conferência vai contribuir pra dar essa chacoalhada e fazer com que a gente possa nivelar melhor o compromisso do conjunto dos comunistas na luta antirracista”.

Avanços

Questionada sobre os avanços da luta antirracista, a secretária destacou a maior presença de negros na mídia e nas universidades públicas, graças às políticas de cotas. “Temos visto pessoas negras ocupando mais espaços na televisão e na mídia. Além disso, a composição étnico-racial e social das universidades públicas hoje é bem diferente do que era há dez, quinze anos atrás. A política de cotas misturou mais a universidade brasileira, garantindo a presença de mulheres e jovens negros na estrutura universitária e isso é muito importante”.

Ela também destacou o crescimento do ativismo digital antirracista. “Quando uma pessoa negra é agredida, ou sofre algum tipo de violência, aquilo é filmado e de repente viraliza nas redes sociais como denúncia, como defesa da vida da população negra. Nesse sentido os avanços de fato acontecem.”

Minorias nos espaços de poder

Apesar desses avanços, Santana enfatizou que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade entre as pessoas no país, principalmente em relação aos espaços de poder político.“Nós ainda somos uma minoria ínfima nos espaços de poder político, como no congresso nacional, nas assembleias legislativas, governos. A gente olha e não vê negros governando estados, governando capitais brasileiras. Por isso, ainda temos um longo caminho a percorrer na direção da igualdade entre as pessoas nesse país.”, disse.

Mobilização

A conferência será híbrida, ou seja, presencial e virtual, e visa reunir cerca de 600 delegados e delegados. A ideia é que seja realizada no estado da Bahia e as pessoas que quiserem participar presencialmente precisarão arcar com os custos. Para garantir a paridade de gênero nas delegações, a organização orienta “que haja 50% de homens e 50% de mulheres”.

Segundo a secretária, a conferência “é uma mobilização que requer um envolvimento grande da direção nacional, Comitê Central e das direções estaduais, todos comprometidos em mobilizar através do debate político e da agenda estabelecida, que é “avançar na construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento antirracista e democrático”. Este é o slogan da primeira conferência nacional de combate ao racismo do PCdoB.

A organização já divulgou o regimento da conferência e pretende lançar o documento oficial no final de maio para que possa servir de base para o debate nos estados e para a definição da delegação que irá participar da conferência.

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