As pré-candidatas do PCdoB a prefeitura de Salvador e de Porto Alegre, deputada estadual da Bahia Olívia Santana e ex-deputada federal Manuela d’Ávila, realizaram uma transmissão ao vivo pela internet na manhã desta sexta-feira (8). A conversa mostrou a afinação das lideranças no compartilhamento do sonho de cidades mais justas para todas as pessoas, especialmente para as mulheres.  Elas trataram também da luta pela vida no contexto de pandemia e sob Bolsonaro.

Conforme avaliaram, o governo Bolsonato tem exigido lutar pelo “óbvio”: desde o uso e produção de máscaras e a necessidade do isolamento social até o adiamento de um evento enorme, organizado pelo Governo Federal, que é o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.

As lideranças do PCdoB ressaltam que é preciso adiar a prova e reconhecer as desigualdades no país para poder superá-las.

“É preciso lembrar que os estudantes de escola pública não têm estrutura pra essa transposição de aulas à distância”, frisou Olívia Santana, observando que o problema vai além da falta de um computador ou de internet.

“Em Salvador apenas 20% da população tem nível de educação superior completo. Nem sempre os pais têm condição de ajudar os filhos trabalhos. É exigir demais de um povo para quem o Estado pouco ou nada deu, um povo que vive em crise com ou sem pandemia!”, registrou a deputada estadual baiana, mostrando como a manutenção do exame de entrada à universidade tende a cristalizar desigualdades entre gerações.

Manuela referendou a fala de Olívia e voltou ao ponto das desigualdades. Afirmou que este é um “país de gente pobre”, no qual inclusive as famílias ditas de classe média, muitas vezes, também têm dificuldades.

Lembrou, por exemplo, de quantas mães conseguem um bolsa para que o filho estude em escola particular, mas não poderia abrir mão do único computador da casa, que ela usa pra ganhar o pão de cada dia.

Indagada por algum apoiador de Bolsonaro “anticomunista” durante a “live”, Olívia foi assertiva: afirmou que os pré-candidatos e pré-candidatas do PCdoB tem lado: o do combate às desigualdades.

“Tenho o maior orgulho de ser do PCdoB há 30 anos e de ter aprendido que não podemos ser candidatas de nós mesmas. Temos que ser candidatas defendendo um projeto. A cidade não é assim porque Deus quer. Deus nos deu aqui uma cidade linda. Precisamos de projeto político para enfrentar a pobreza e a miséria. Nós que somos comunistas, fizemos uma escolha e não tenho nenhuma dúvida de que fiz a escolha certa”, disse.

Política de morte X mulheres no poder

Manuela d’Ávila ressaltou duplo papel das figuras públicas. “Não somos só a lei que propomos, Vê a representatividade de Olívia, primeira deputada estadual negra do estado mais negro do Brasil. É referência paras meninas negras sobre possibilidade da política na vida delas”, ressaltou, mostrando como, pelo mesmo mecanismo, figuras como Bolsonaro são duplamente negativas.

“São dois níveis de irresponsabilidade [as de Bolsonaro]”, pontuou. De um lado, diz, está a omissão diante de suas funções como presidente da República. “Há ações nos estados, mas elas são limitadas. Tem limite de dinheiro e limite de influência política”, ressaltou. E, do outro lado, temos um “péssimo exemplo” vindo do Planalto, quando o chefe do Executivo Federal, por exemplo, diz que realizará um churrasco antes do final de semana do Dia das Mães, quando as famílias querem tanto se ver.

Elas comentaram ainda sobre reportagens recentes que mostram como os países governados por mulheres, tais como Finlândia, Alemanha e Nova Zelândia têm tido sucesso no combate a pandemia – mesmo quando as governantes ocupam lugares diferentes no espectro político.