Legenda: Japoneses reverenciam os 140 mil mortos pela bomba no Parque Memorial pela Paz em Hiroshima

Único país do mundo a ser atacado por armas nucleares, o Japão recordou nesta sexta-feira, 6 de agosto, as vítimas da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima nesta mesma data em 1945.

De forma “decepcionante”, como condenaram funcionários da cidade, o Comitê Olímpico Internacional (COI) curvou-se ao governo estadunidense e se recusou a fazer valer o minuto de silêncio durante os Jogos de Tóquio, solicitado pelas autoridades locais para os seus mortos, mutilados e seqüelados.

A proposta japonesa foi rejeitada pela autoridade máxima do COI, Thomas Bach, que tergiversou dizendo que no próximo domingo o COI dará a oportunidade de homenagear as vítimas de todos os trágicos acontecimentos da história. Tudo para esconder o histórico crime de guerra norte-americano.

A solenidade ficou restrita somente a sobreviventes, parentes e a um grupo de representantes estrangeiros, que compareceram à cerimônia em Hiroshima levantando a bandeira da defesa da paz no mundo. Por conta da pandemia de Covid-19, o evento não foi aberto ao público, podendo ser restrito à internet. Utilizando máscaras e muitos vestidos de preto, os participantes fizeram um minuto de silêncio às 8h15 (20h15 de quinta-feira em Brasília), horário em que a bomba atômica caiu sobre a cidade.

Acredita-se que cerca de 140 mil dos 350 mil habitantes da cidade tenham sido mortos na explosão e que outros 75 mil foram exterminados três dias depois em Nagasaki, quando o país já se encontrava completamente fora de combate. O Japão se rendeu oficialmente em 15 de agosto de 1945, encerrando a Segunda Guerra Mundial.

Após uma enxurrada de críticas, o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, teve que manifestar seu arrependimento por ter pulado uma parte de seu discurso em Hiroshima sobre o bombardeio norte-americano.

“No meu discurso anterior saltei uma parte e gostaria de aproveitar esta ocasião para pedir desculpas por isso. Por favor, me desculpem”, declarou o primeiro-ministro numa coletiva de imprensa após o evento comemorativo.

Segundo a mídia local, Suga omitiu o compromisso de “lutar por um mundo sem armas nucleares”, assim como o reconhecimento de que o Japão é a única nação do mundo a ser vítima de um ataque nuclear, e apenas declarou que “há diferenças entre as posições de cada país sobre como avançar no desarmamento nuclear”.

O jornal The Mainichi divulgou as frases que integravam o discurso original e que foram omitidas: “Nosso país é o único país que foi atingido por uma bomba atômica durante a guerra e compreende melhor que qualquer outra nação a desumanidade das armas nucleares, e é importante fazer esforços constantes para lograr um mundo sem armas nucleares”.

Na versão original também havia mais um fragmento que Suga omitiu: “Na Assembleia Geral das Nações Unidas, pouco depois de que tornei primeiro-ministro, transmiti ao mundo a mensagem de que Hiroshima e Nagasaki nunca devem ser repetidas e, com esta determinação, o Japão não poupará esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares, ao mesmo tempo que defenderá firmemente os três princípios antinucleares”.