O secretário nacional Sindical do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Nivaldo Santana, afirmou que a principal luta do sindicalismo nos dias de hoje é ajudar a construir uma frente ampla social e política para derrotar Jair Bolsonaro e abrir novas perspectivas para o Brasil e para os  trabalhadores e trabalhadoras.

Em entrevista concedida ao Portal PCdoB, o dirigente falou do momento de crise em que o país atravessa, avaliou o papel do sindicalismo e as perspectivas do movimento de resistência para barrar o retrocesso e avançar nas mudanças que o país requer. Nivaldo abalizou também a Resolução Política aprovada no 15º Congresso do PCdoB no que tange a linha de massas.

De acordo com o dirigente, o movimento sindical atravessa um período de muitas dificuldades. “Desemprego, arrocho salarial, precarização do trabalho, perda de direitos trabalhistas e previdenciários e enfraquecimento dos sindicatos”, enumerou.

Dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram taxa de desemprego de 13,2% (13,7 milhões de desempregados), o maior percentual para um segundo trimestre na série histórica do IBGE. As informações estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) contínua.

“Duas importantes variáveis impactam o movimento sindical: a estagnação econômica e as restrições democráticas. Sem esses dois fatores, o movimento atravessa um período de resistência e acumulação de forças”, apontou Nivaldo. Na opinião do dirigente, “Só um novo governo terá condições de promover a retomada do crescimento econômico com valorização do trabalho, recuperar os direitos perdidos e criar condições para um movimento sindical mais forte”.

“Fora, Bolsonaro”

Nivaldo destacou a importância das últimas manifestações promovidos pelo Fórum “Fora Bolsonaro” que serviram para denunciar as intentonas golpistas de Bolsonaro e tentar barrar os negacionistas. “Mobilizações gigantescas desgastaram e isolaram o governo de extrema-direita abrindo possibilidades reais de impor uma derrota a esse projeto reacionário”, avaliou o sindicalista. No entanto, lembrou Nivaldo, a correlação de forças, ainda não alcançou condições para a abertura do processo de impeachment. “Por isso, permanece atual a luta pela constituição e consolidação de uma ampla frente política e social que coloque no centro o combate ao governo Bolsonaro”.

Nivaldo explicou que em novembro, o Fórum “Fora Bolsonaro” decidiu participar da manifestação do dia 20 de novembro- Dia Nacional da Consciência Negra. De acordo com o dirigente, a ideia é aglutinar “todas as frentes e com maior protagonismo, nesta data, das entidades e movimentos de luta antirracista no país”. O sindicalista ressaltou que “outras manifestações pelo impeachment podem ocorrer, mas o dia 20 de novembro é a data principal”.

Um partido forte e influente

Segundo Nivaldo, os sindicalistas do PCdoB são protagonistas nas articulações pelo impeachment de Bolsonaro e defendem bandeiras para melhorar a vida do povo brasileiro. “Estão na linha de frente na luta pelo Fora Bolsonaro, defendem a unidade do movimento sindical materializada no Fórum das Centrais e na agenda unitária dos trabalhadores e trabalhadoras em defesa da vida, com vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600,00 até o fim da pandemia, medidas emergenciais de proteção aos empregos e auxílio às pequenas e médias empresas”, completou.

Nivaldo acrescentou que, em sintonia com essa plataforma emergencial, o movimento sindical defende uma política de fortalecimento do mercado interno, com valorização salarial, criação de empregos formais, combate ao trabalho precário e regulação das relações trabalhistas. O dirigente mencionou ainda medidas como políticas que incentivem a reindustrialização do país, ampliação dos investimentos para o Sistema Único de Saúde (SUS), Educação, Ciência e Tecnologia, políticas públicas na área de moradia e transporte para erradicar a pobreza no país.

O dirigente informou que uma importante vitória política para os sindicalistas identificados com o PCdoB foi a unificação da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). “Um Partido Comunista forte e influente precisa ter forte ligação de massa, priorizando o trabalho junto aos trabalhadores e trabalhadoras. Para realizar essa tarefa, o movimento sindical é essencial, o espaço mais apropriado para ligar-se às classes trabalhadoras”, completou Nivaldo.

Modernização do movimento sindical

Como perspectiva do movimento, Nivaldo Santana defendeu que os quadros e militantes sindicais precisam renovar os métodos e formas de atuação junto à classe trabalhadora, ou seja, adequar-se às novas realidades que se transformam de forma acelerada. “Hoje cresce bastante o trabalho com plataformas digitais e o teletrabalho, avança o uso de robôs e máquinas inteligentes nos processos produtivos. Essa reconfiguração no mundo do trabalho impacta a organização sindical”.

Para o secretário Sindical, está na ordem do dia, a importância de o movimento sindical se modernizar. Isso quer dizer “se apropriar das ferramentas digitais para organizar e mobilizar os trabalhadores, para avançar na formação classista e ampliar o trabalho de base, enraizar a organização nos locais de trabalho e também nas escolas e nos bairros. Para ele, o trabalho presencial e militante é fundamental assim como avançar na militância digital. De acordo com Nivaldo, as redes sociais são um novo e estratégico espaço para o sindicalismo e exigem atuação forte, completou.

Por Railídia Carvalho