Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu attends the weekly cabinet meeting in Jerusalem on July 14, 2019. - Netanyahu today warned the head of Lebanon's Tehran-backed Hezbollah that "crushing" retaliation would follow any attack after its leader said the group's rockets could reach Tel Aviv. (Photo by RONEN ZVULUN / POOL / AFP) (Photo credit should read RONEN ZVULUN/AFP/Getty Images)

O premiê Bibi Netanyahu reconheceu, nesta segunda, sua incapacidade em formar governo e devolveu ao presidente israelense, Reuven Rivlin, o mandato que lhe fora entregue pouco mais de 50 horas antes do final do prazo de 28 dias para reunir em torno de si um gabinete ministerial com o apoio de 61 deputados.

Rivlin já anunciou que deve entregar ao opositor Benny Gantz a incumbência de formar governo até a próxima quinta-feira. Gantz também terá 28 dias para reunir o apoio suficiente para assumir o comando do país.

Gantz, ex-chefe do Estado Maior do exército israelense, fez uma campanha baseada nos anseios de paz e de democratização de Israel, com a inclusão dos seus cidadãos árabes, cada vez mais marginalizados e hostilizados pelos sucessivos governos comandados por Netanyahu e prometendo encetar os primeiros passos para que Israel se transforme em um Estado secular.

Com base nisso, recebeu o apoio do secular Yair Lapid, com o qual formou o bloco Kahol Lavan e ao qual se incorporou a líder trabalhista Stav Shaffir e teve ainda o apoio dos trabalhistas, com destaque para o líder sindical Amir Peretz; do partido de esquerda Meretz e das quatro correntes que compuseram a Lista Árabe Unida.

Com os votos de seu próprio bloco (que perfêz, 33 deputados, um a mais do que os votos obtidos pelo bloco Likud, de Netanyahu) e este conjunto de forças, Gantz chegou a 54 apoios de parlamentares. Os demais sete deputados que agora necessita para chegar a maioria do Knesset, parlamento de Israel, devem resultar de intensas negociações que já começam a se iniciar.

A derrocada de Netanyahu que, pela primeira vez em 12 anos, deixa de formar governo sob sua liderança se soma a outras figuras as mais obscuras e obtusas da direita das quais Bolsonaro se aproximou e que foram alijadas do poder. Estamos falando do próprio Netanyahu, com quem disse, assim que tomou posse, estar de namoro, antes de casar; do xenófobo Salvini, derrotado em manobra para tomar de assalto o governo italiano e do argentino Macri, em despenhadeiro nas pesquisas, dias antes das eleições argentinas.

Antes de declarar sua incapacidade para formar governo, Netanyahu – prestes a ser condenado por suborno, fraude e quebra de confiança – fez ameaças a todos os israelenses, dizendo que o país “nunca esteve tão ameaçado em termos de segurança” e que, do governo de Gantz, fariam parte os “perigosos partidos árabes”, como se o perigo para os israelenses não fosse a beligerância contra todo os povos do Oriente Médio, indignados com sua política de segregação e genocídio dos palestinos, levando a uma permanente instabilidade, quando não à guerra aberta, em tumultuadas relações com os governos árabes independentes que se constituem nas proximidades do país.