O secretário da Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, membro da direção nacional do PCdoB, falou à Folha de Vitória sobre o quadro da Covid-19, o índice de vacinação — o estado tem a sétima melhor proporção de imunizados do país — e criticou o governo Bolsonaro: “Toda semana, o chefe da nação faz questionamentos contra o uso de máscaras, o que leva ao menor uso de uma medida eficaz, que garante uma barreira física para as pessoas infectadas”, disse. E acrescentou: “A polarização prejudicou a adesão plena da população ao uso de máscaras e lavagem de mãos”.

 

Confira a íntegra.

 

Mais de 60 % dos capixabas já estão imunizados da Covid-19, sendo o sétimo estado com maior proporção do país. Apesar dos avanços na vacinação, o secretário de Saúde Nésio Fernandes alerta que o vírus ainda está circulando, com uma média móvel de mortes no país entre 700 e 800 mortes.

Entre as preocupações do secretário, está o abandono de medidas de distanciamento e uso de máscaras, que são convergentes à vacina. “Ainda não estamos em tanta desvantagem em relação ao vírus”, alerta. Nesta entrevista exclusiva à Data Business, Fernandes fez um balanço do atual momento, destacando que “com a maior disponibilidade de vacinas no segundo semestre, é possível que haja antecipação na estratégia de vacinação para mitigar os efeitos da Covid”.

Projeções de vacinação para os capixabas

O Secretário explica que até setembro toda a população adulta do ES terá recebido a primeira dose. “Nossa expectativa é que até outubro e novembro as internações continuem caindo. Antes projetamos vacinar todos os capixabas adultos até dezembro, mas com a maior disponibilidade de doses, é possível que consigamos que todos tomem as duas doses até novembro”, celebra.

Críticas ao presidente Bolsonaro

A abertura da atividade econômica e social é inevitável, mas medidas não farmacológicas eficazes precisam seguir sendo adotadas pela população, como  uso de máscaras e lavagem das mãos, além da testagem ampla do sistema de saúde. É a avaliação do Secretário.

A afirmação vem pelo fato de que muitos indivíduos já vacinados passam a abandonar os cuidados necessários para a prevenção da doença. “Nesses casos, eles acabam desenvolvendo a doença de forma leve, muitas vezes nem sequer relaciona-se ao risco de ser Covid. O problema é que se pode infectar outras pessoas que ainda não foram imunizadas”, alerta.

O secretário critica ainda a falta de coordenação nacional no combate à pandemia. “Toda semana, o chefe da nação faz questionamentos contra o uso de máscaras, o que leva ao menor uso de uma medida eficaz, que garante uma barreira física para as pessoas infectadas”, critica, em referência ao presidente Jair Bolsonaro. “A polarização prejudicou a adesão plena da população ao uso de máscaras e lavagem de mãos”, explica.

Fernandes alerta para o risco de quem não tomar a vacina. “A circulação de variantes está aí, quem adotar um comportamento de risco pode estar sendo exposto a muito perigo, o que também contribui para a mutação do vírus”, diz, explicando que a maioria dos internados atualmente não foram imunizados completamente.

Menor dependência da rede privada

Fernandes explica que antes da pandemia o governo do ES comprava entre 80 e 100 leitos por dia na rede privada, uma dependência que deve ser diminuída em virtude da estratégia de não adoção dos hospitais de campanha. “Com apoio do governador Renato Casagrande, garantimos um legado para o pós-pandemia, com a rede filantrópica e a rede estadual aumentando a quantidade de leitos ao invés de criar leitos temporários. Algo assim apenas pode se materializar com um governo progressista que entende a essencialista do SUS”, defende.

 

(PL)