Principal reivindicação da categoria é a manutenção dos empregos e dos direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados

Os trabalhadores petroleiros da Petrobras na Bahia iniciaram greve por tempo indeterminado, no início da manhã desta quinta-feira (18), contra a privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador. O primeiro dia de greve foi marcado por um ato em frente à refinaria.

“Nós consideramos a privatização da RLAM o maior ataque da história da Petrobras. A gente entende que esta luta é importantíssima. É preciso derrotar a direção da Petrobras e o governo, que querem dilapidar a Petrobras como uma empresa pública, nacional e integrada”, afirma o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA).

Além representantes do Sindicato baiano e dos trabalhadores da refinaria, estiveram presentes no ato diretores e representantes dos sindicatos dos petroleiros do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, bem como da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e da Central Sindical e Popular (CSP- Conlutas).

A paralisação foi aprovada no último sábado (13) durante o Seminário de Qualificação de Greve organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Na última semana a direção da Petrobras anunciou a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para um fundo de investimento dos Emirados Árabes Unidos, o Fundo Mubadala. “É público e notório o desmonte da Petrobras em todo país, com a redução do seu quadro de funcionários, do fatiamento de seus ativos para venda, opção por redução do refino em seus parques e pela importação de produtos em detrimento dos que possuímos em solo nacional, tudo ancorado ao dólar alto e à elevação de preços dos combustíveis e outros derivados de petróleo”, diz o Sindipetro-BA em nota.

De acordo com o Sindicato, mesmo após o anúncio de venda, não foi tratado com os trabalhadores e o sindicato nada sobre os contratos de trabalho dos empregados próprios e terceirizados que estão em vigor.

Pelo contrário, “o cenário é de terror, com a transformação do assédio moral em ferramenta de gestão, o que gerou adoecimentos e até morte. Soma-se a isso a redução acelerada dos quadros dos funcionários para menos de um terço do que havia poucos anos atrás e a continuidade dessas reduções com programas de demissão e transferências forçadas”.

Esse processo de fatiamento da estatal faz com que seus funcionários passem “a conviver com as transferências para unidades que estão à venda ou que, em breve, também serão vendidas, com graves consequências para milhares de famílias. E tudo isso, como já dito, em um ambiente laboral contaminado por assédios morais e perseguições de todas as ordens”.

“A nossa maior luta é pela manutenção da Rlam na Petrobras. Somos contra a sua privatização. E a realização da greve é nossa única forma de resistir. Mas, caso a venda se concretize alheia à nossa vontade, a deflagração da greve ainda se faz necessária”, explica o Sindipetro-BA.

“Além de lutarmos pela manutenção dos empregos, sejam dos próprios ou dos terceirizados, pelo fim dos assédios aos trabalhadores e garantia de um ambiente laboral saudável, entendemos que a entrega da Refinaria para a Mubadala concretizará um monopólio privado regional onde, o fundo árabe irá impor, cada vez mais, altas nos preços dos derivados de

petróleo, gasolina, diesel e gás de cozinha para levar ao seu país, Emirados Árabes Unidos, todo lucro obtido através da exploração do povo baiano e brasileiro”, continua o Sindicato.

“Por tudo isso, conclamamos o apoio da sociedade, do cidadão, das autoridades e de todos que acreditam que só a luta constrói uma sociedade mais justa e mais fraterna. Também de todos que reconhecem a importância dos trabalhadores, da manutenção da Petrobras, como símbolo da soberania brasileira e dos empregos na Bahia”, conclui o Sindipetro-BA.