26/10/2016- Poluição na cidade de São Paulo. Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas

Um estudo divulgado nesta segunda-feira (21) pela Oxfam indica que o 1% mais rico da população mundial respondeu por mais que o dobro das emissões de CO2 (dióxido de carbono) em relação aos 3,1 bilhões de pessoas que compõem os 50% mais pobres. Os dados abarcam o período de 1990 a 2015. Segundo a Oxfam, dobrou a quantidade de CO2 lançada na atmosfera nesses 15 anos.

O relatório Confronting Carbon Inequality (Confrontando a desigualdade do carbono) baseia-se em uma pesquisa do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo. A Oxfam divulgou os dados na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas, em que líderes mundiais vão se encontrar para tratar, entre outros assuntos, de mudanças climáticas. Nesta segunda, também é celebrado o Dia da Árvore.

De acordo com o documento, os 10% mais ricos da população responderam por 52% das emissões globais entre 1990 e 2015. Já o 1% mais rico foi responsável por 15% das emissões. Já a parcela mais pobre da humanidade respondeu por 7% das emissões, menos que a metade.

Ainda segundo o relatório, em 15 anos os 10% mais ricos consumiram um terço do orçamento de carbono restante, enquanto os mais pobres não consumiram mais do que 4%. O orçamento de carbono é a quantidade de CO2 que pode ser adicionado à atmosfera sem que a temperatura global se eleve acima de 1,5°C, objetivo estabelecido pelos países no Acordo de Paris.

As emissões anuais de dióxido de carbono cresceram 60% entre 1990 e 2015. Segundo a Oxfam, os 5% mais ricos da população mundial foram responsáveis por 37% desse crescimento.

“O consumo excessivo de uma minoria rica está alimentando a crise climática, mas são as comunidades pobres e os jovens que estão pagando o preço. Uma desigualdade do carbono tão extrema é consequência de nossos governos terem buscado por décadas um crescimento econômico brutalmente desigual e intensivo em carbono”, comentou Tim Gore, chefe de Política Climática na Oxfam e autor do relatório.

A pesquisa avalia que as emissões de carbono tendem a voltar a crescer rapidamente conforme os governos mundiais relaxam a quarentena imposta pela pandemia da Covid-19. Caso as emissões não caim anualmente e a desigualdade do carbono permaneça nos patamares anuais, calcula-se que o orçamento de carbono estará esgotado em 2030.

Uma outra estimativa impressiona: a desigualdade do carbono é tão intensa que, mesmo que todas as outras emissões de CO2 fossem reduzidas a zero, os 10% mais ricos da população mundial queimariam sozinhos todo o orçamento de carbono até 2033.