As imagens mostram o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe sendo agredido por três homens na orla da Barra da Tijuca

Após a divulgação de novas imagens das câmeras de segurança do quiosque Tropicália, o Ministério Público do Rio (MPRJ) informou, na última quinta-feira (10), que pediu diligências complementares às da Polícia Civil sobre o assassinato do congolês Moïse Kabagambe. O MPRJ não entrou em detalhes para não prejudicar a investigação.

Familiares de Moïse se reuniram na quinta com o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, e o promotor que está à frente do caso.

“Nós temos um prazo, porque existem pessoas presas, indiciadas pelo crime. Então, o Ministério Público acompanha. Fora daquilo que estava escrito na portaria do delegado, nós pedimos outras diligências complementares e nós estamos em contato direto com o delegado para poder concluir isso o mais rápido possível”, disse o promotor Alexandre Murilo Graça.
“Isso envolve o homicídio e todos os fatos correlatos ao homicídio”, complementou.

As novas imagens revelam que na noite do dia 24 de janeiro, quando Moïse Kabagambe foi morto, outras pessoas estiveram presentes na cena do crime.

Ao longo das três horas, um homem puxa as pernas do congolês e outro leva embora o taco usado no crime. Um homem chega a tirar uma foto da vítima imobilizada. A venda de bebidas no estabelecimento continuou normalmente, mesmo com o corpo estendido no chão.

Do momento em que Moïse foi derrubado no chão, até o último movimento do jovem congolês, passaram-se seis minutos. Foi o tempo em que ele recebeu 40 pauladas com um único taco de beisebol, compartilhado por dois agressores.

Ele também sofreu chutes, socos e estrangulamentos com a ajuda de uma corda, enquanto um terceiro agressor se manteve sempre por cima dele, por 13 minutos, e o imobilizou com um mata-leão até o último sinal de vida.

Três horas se passaram do começo das agressões até a última imagem registrada pelo circuito de segurança, na qual Moïse ainda aparece caído no chão, sendo analisado por peritos.

Os três homens que já estão presos não estavam sozinhos com o jovem de 24 anos no quiosque. Outras pessoas presenciam e algumas participam de alguma forma do que acontece em torno de Moïse.

Imagens

As imagens mostram que um homem de camiseta amarela da seleção brasileira, que estava sentado em um banco do quiosque, se aproxima logo que o jovem é derrubado e puxa as pernas de Moïse, enquanto outro o segura pelo pescoço e um terceiro desfere golpes com o taco de beisebol.

Um outro homem, de regata e boné pretos, se aproxima do local onde as agressões tinham começado e observa tudo, ao lado de outro homem. Seis minutos depois, ele recebe de um dos agressores a arma do crime e sai de cena com o taco de beisebol.

Ele reaparece 20 minutos depois e se aproxima de um casal que observa o congolês com preocupação, pois ele estava caído no chão e não se mexia.

Só então o homem de regata e boné pretos que saiu antes com a arma do crime faz um movimento como quem presta socorro: ele põe água na cabeça de Moïse e começa a fazer massagem cardíaca.

Outra pessoa que aparece praticamente durante as três horas de imagens é o funcionário do quiosque com camiseta listrada verde. Jailton Pereira Campos disse à polícia que começou a discutir com o congolês pois ele tentava pegar bebidas no freezer.

É ele que aparece com um pedaço de pau na mão no começo das imagens com Moïse, antes dele ser derrubado. Os dois não entram em luta corporal.

Quando os peritos chegam, no fim das imagens, ele ainda aparece pegando bebidas no freezer do quiosque.

O vídeo termina às 1h26, com o corpo de Moïse ainda no chão. O horário não condiz com um depoimento prestado pelo dono do quiosque Tropicália, que entregou as imagens à polícia.
Segundo Carlos Fábio da Silva Muzi, ele foi avisado sobre o ocorrido por um funcionário de uma barraca de praia por volta das 23h e disse, em depoimento, que foi ao quiosque cerca de uma hora depois, portanto à meia-noite, e afirmou que o corpo de Moïse não estava lá. Mas estava. E ficou lá por mais uma hora e meia.

A equipe do Samu chegou ao local às 23h15, 49 minutos depois de Moïse ter sido levado ao chão e quase 40 minutos depois de ter sido acionada. Os socorristas tentaram reanimá-lo com massagem cardíaca por 17 minutos, mas não havia mais nada a fazer.

À meia-noite, uma hora e meia depois do início das agressões, chegam dois policiais militares. Eles praticamente não se aproximam do corpo e saem da imagem dez minutos depois.