O anúncio da retração de 0,7% do índice Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de outubro em relação a setembro, divulgado nesta sexta-feira (17), é mais um indicador de que economia está muito mal e sem perspectivas de melhoras à frente.

“A economia brasileira continua estagnada com declínio em outubro comparado a setembro e paralisada em relação ao mesmo mês do ano passado”, afirmou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV. No trimestre encerrado em outubro, em comparação com o trimestre findo em julho, a economia teve uma variação de apenas 1,0%.

“Há que levar em conta que o mês de outubro do ano passado teve resultado negativo, o que tornaria mais fácil crescer neste ano. Considerando a comparação mensal, os serviços cresceram puxados por Outros Serviços; a única exceção foi o Comércio. A indústria apresentou resultado negativo puxado pela forte queda da indústria de transformação, enquanto a agropecuária apresentou forte crescimento”, analisa Considera.

Sem investimentos

De acordo com o Monitor, a Formação Bruta de Capital Fixo, que são os investimentos, cresceu 7,6% no trimestre móvel findo em outubro em comparação ao mesmo período do ano passado, mas ressalta “a visível queda nas taxas de crescimento desde o mês de junho deste ano”.

“O investimento teve forte queda no interanual em outubro, mas continua com taxas altas no acumulado de 12 meses, provavelmente influenciada pela internalização das plataformas de petróleo com o término do estímulo tributário. Ou seja, isto é apenas um efeito estatístico já que as plataformas já existiam e sempre foram operadas pela Petrobrás em águas territoriais brasileiras. Não é um novo investimento”, afirma Claudio Considera.

A queda registrada pelo Monitor do PIB foi ainda maior do que a retração de 0.4% apontada pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central em outubro, na comparação com o mês anterior.

O PIB é divulgado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020 sofreu uma queda de 4,1%, o pior resultado da taxa histórica, iniciada em 1996. No primeiro trimestre deste ano, o PIB variou 1,2%, no segundo e o terceiro trimestres ficou no vermelho, com quedas de 0,4% e 0,1%, respectivamente.

Os dados do IBC-Br, do Monitor da FGV e os indicadores da produção industrial, do comércio varejista e do setor de serviços, divulgados pelo IBGE no mês de outubro, todos negativos, apontam para mais um trimestre no vermelho, num cenário de elevadíssimo desemprego, subemprego, redução da renda, inflação de dois dígitos, ente outros indicadores negativos.

Diante dessa tragédia, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou que vai continuar elevando as taxas de juros: “tem que colocar o país em recessão para recuperar a credibilidade”… da banca. E Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, espalha seus fake news de que a economia está decolando em “V”, com as taxas de juros “escalando o Everest”, concentrando renda nas mãos dos bancos, arrochando o consumo das famílias, os investimentos e o capital de giro das empresas.