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A deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB-RS), em artigo para o GHZ, destaca a realidade das mães negras no Brasil, ressaltando os resquícios da escravidão que ainda afetam seu cotidiano, especialmente durante o mês de maio, dedicado às comemorações do Dia das Mães e à “abolição da escravatura”.

Ela enfatiza que, para as mães negras, esse período traz à tona os resquícios da escravidão que ainda afetam seu cotidiano e que, para as mães negras, os melhores presentes para o Dia das Mães seriam uma vaga na creche para seus filhos, um salário digno, o fim da violência de gênero e doméstica, além da luta pela independência financeira.

Leia a íntegra abaixo.

Maio é o mês das mães. E também o mês que marcou a “abolição da escravatura” no Brasil. E o que tudo isso representa para as mães negras? O resquício da escravidão que ainda permeia nosso cotidiano. Esse é um período em que a maternidade é extremamente romantizada. Só que o meu maternar não foi nada romântico: convivi com a fome durante a gestação, com a violência obstétrica, e tive que voltar cedo ao trabalho para poder sobreviver. E eu sei que essa é uma realidade de tantas outras mulheres negras das nossas comunidades e periferias.

Se perguntarmos para essas mães quais seriam seus melhores presentes para o Dia das Mães, as respostas seriam: uma vaga na creche para o filho, um salário digno para todas as mulheres, principalmente para aquelas que travam individualmente o cuidado com uma criança, o fim da violência de gênero e doméstica e a luta pela independência financeira – tudo para que a maternidade possa ser segura e feliz.

A maternidade traz uma sobrecarga inestimável às mulheres, que muitas vezes precisam abrir mão do mercado de trabalho e do estudo, principalmente quando falta vaga em uma instituição de ensino para a criança. Ter creche garantida vem ao encontro da emancipação para as nossas mulheres, sobretudo as mães negras de periferias.

Na Assembleia Legislativa instituímos a Frente Parlamentar pela Garantia da Vaga nas Creches, já que 52% dos municípios do Estado têm fila de espera. Nas cinco maiores cidades do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria) a fila de espera ultrapassa 12,6 mil vagas.

Refletir sobre essas questões no mês destinado às mães é fundamental para que possamos construir experiências de maternagem que não sejam violentas, que não adoeçam e matem nossas mães e que tenham condições de acesso ao básico: emprego, renda, educação, saúde e tantas outras políticas públicas que são essenciais para quem pode e merece ter uma maternidade segura e feliz.