A ex-ministra Marina Silva (Rede) afirmou que o governo Bolsonaro está prejudicando setores da economia brasileira com a nociva política ambiental que está praticando.
“Os estragos produzidos pelo governo Bolsonaro na aérea ambiental, em apenas oito meses, tem causado enormes prejuízos em setores importantes da nossa economia. O governo precisa parar com essa insanidade”, afirmou a ex-ministra do Meio Ambiente.
Marina se refere ao fato de mais um fabricante de roupas suspender a compra de couro brasileiro.
O grupo sueco H&M, segundo maior varejista de moda do mundo, anunciou a suspensão da compra em resposta às queimadas na Amazônia.
“Devido aos graves incêndios na parte brasileira da floresta amazônica e às conexões com a produção de gado, decidimos proibir temporariamente o couro do Brasil” disse a H&M.
Na semana passada, a VF, dona de marcas como Timberland e Vans, já havia anunciado que não usaria mais couro brasileiro na sua produção.
Marina classificou como “desgovernança ambiental” a atuação do governo na área. “O aumento das queimadas na Amazônia tem relação direta com o desmatamento. A desgovernança ambiental promovida pelo governo produz efeitos nefastos para a maior floresta tropical do mundo”, afirmou a ex-ministra, candidata a presidente da República em 2018 pelo partido Rede Sustentabilidade.
Ela ainda criticou a redução do orçamento para monitoramento de queimadas e sugeriu que o governo use recursos do fundo destinados para a preservação da Amazônia. “O governo deveria repor a redução de 38% do orçamento para o monitoramento de queimadas e desmatamento do INPE, com os recursos do fundo de R$ 1 bilhão destinados para Amazônia. O que falta mesmo ao governo é o compromisso com a proteção do nosso patrimônio ambiental”, escreveu nas redes sociais.
Em entrevista à rádio CBN, na quinta-feira (5), no Dia da Amazônia, ela declarou que não consegue “ver nada sendo feito na política ambiental de Bolsonaro que não seja desmonte”. De acordo com Marina, o governo Bolsonaro incentivou a crise ambiental “com palavras e atos”.
“Quando alguém que está no mais alto posto diz que vai acabar com a indústria da multa, está dizendo que o criminoso é quem está multando”. “Essas pessoas [ambientalistas e fiscais] são atacadas porque atrapalham os projetos de quem quer liberar geral”, disse.
Segundo Marina, até o final da década de 1990, o Brasil era um “vilão ambiental” e, depois, passou a ser “parte da solução”. Em sua avaliação, o país está virando um pária nesse setor, o que é preocupante: “isso não é coisa para se brincar”.
A ex-ministra disse que parte do agronegócio não concorda com a visão atrasada de querer reeditar a economia do início do século XX. “Não tem mais como fazer o discurso de que a floresta é um empecilho para o desenvolvimento”, ressaltou. “Destrua a floresta, e o Sul e o Sudeste virarão um deserto. Você consegue imaginar essas regiões virando um deserto?”, questionou.
Ela observou que em todas as gestões anteriores, incluindo as do período da ditadura, os ministros do Meio Ambiente eram ambientalistas.