A pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, deputada estadual Manuela D’Ávila (RS) participou de uma entrevista coletiva com jornalistas da mídia alternativa na sede do Centro de Pesquisas da Mídia Alternativa Barão de Itararé, na região central da capital paulista, nesta sexta-feira (1º/12). Manuela falou sobre o objetivo da sua pré-candidatura e respondeu perguntas sobre diversos temas da conjuntura política.

A deputada comunista iniciou explicando que durante o período do 14º Congresso do PCdoB houve debate sobre a decisão de apresentar uma candidatura própria com saídas para a crise que o Brasil vive atualmente. “Concluímos que a melhor forma do PCdoB contribuir com os debates nas eleições do ano que vem, era a partir da construção de uma candidatura própria”.

Manuela considera que a sua pré-candidatura à Presidência da República não divide a esquerda e sim amplia seu leque de alternativas. “Sou daquelas que partilham da tese que nós somos como um time de futebol. Temos que fazer a opção se queremos ter um craque escalado para jogar contra um time de onze jogadores, ou se queremos ter um time que defenda diversas opiniões”.

E acrescenta: “As nossas opiniões não são únicas e nunca foram, por isso nós não estamos organizados em um só partido. Nós também temos diferenças, elas não são gigantescas, mas existem entre nós. Mas, sou daquelas que acha que devemos escalar mais jogadores para apontar a saída para o futuro. Por que senão vamos jogar um jogo de cartas marcadas”.

Frente Ampla e objetivo eleitoral do PCdoB

A pré-candidata explicou que ao falar em frente ampla, muitos pensam que estão falando de uma enorme coligações de partido e não se trata disso. “Nosso sentindo de frente ampla é maior. É uma espécie de pacto com o povo brasileiro em cima de um projeto de país. Temos que fazer essa discussão: Qual será o papel do Estado no enfrentamento da crise? Como será a indústria brasileira no próximo período?”

Projeto Nacional de Desenvolvimento

Para a comunista, vivemos um período com a diminuição do papel do Estado, e ele é fundamental para a retomada do desenvolvimento. Durante a entrevista, ela destaca a missão eleitoral do PCdoB. “É mostrar que esse projeto de desenvolvimento garanta direitos sociais, políticas públicas para a população, que a ideia da retomada do crescimento no Brasil precisa levar em conta a centralidade do papel do Estado e também ouvir os múltiplos setores que se mobilizaram no último período”.

Pauta feminina 

Outro tema bastante presente na coletiva foi o impacto da crise sobre as mulheres. Manuela lembrou que no último período houve uma ascendência gigantesca do movimento de mulheres e indagou: Qual o impacto da crise brasileira sob as mulheres? Na opinião da deputada, a crise e a mobilização das mulheres andam de mãos dadas, pois são elas quem mais sofrem com a diminuição do Estado. “A nossa sociedade é machista. Quem é punido quando o Estado não existe e não há escolas em tempo integral? É o homem que sai do trabalho? A Reforma Trabalhista pune igualmente homens e mulheres trabalhadores? Não”. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FVG), 50% das mulheres foram demitidas no período de até dois anos depois da licença-maternidade. “Mulheres não voltam ao mercado pelo simples fato de engravidarem”. E conclui, “Sem um projeto de desenvolvimento nacional, não há direitos garantidos pelas mulheres, porque esse debate passa por qual Estado nós temos”.

Eleições de 2018

Manuela foi enfática ao dizer que não trabalha com o cenário do ex-presidente Lula sem ser candidato nas eleições do ano que vem. “Acho que nós não devemos trabalhar com esse cenário por várias razões. É um direito dele concorrer justamente porque ele não está acima da lei e nem abaixo da lei”. E também explica que a sua pré-candidatura não existe para ocupar um espaço da hipótese da não candidatura de Lula. “Ela existe porque o PCdoB acredita que temos propostas para apresentar no processo eleitoral de 2018”.

Questionada se as eleições de 2018 irá resolver todos os problemas, a deputada responde: “Não acho que nenhuma eleição resolva tudo, por isso sou filiada ao PCdoB desde os meus 16 anos. O que eu sei é que o Brasil é um país que organiza a sua política e que o povo dá mais relevância para o debate político nos processos eleitorais. Essa é a experiência do povo brasileiro, a gente pode achar boa ou ruim, mas essa é a experiência do nosso povo. Valorizar e passar a pensar mais ativamente sobre política no processo eleitoral”.

Democratização da Mídia

A pré-candidata destaca o poder da grande mídia e sua interferência na vida das pessoas de acordo com os seus interesses de mercado. “O que o povo brasileiro pensa a respeito do governo Temer é a partir do que eles vivem na sua realidade, mas o que ele pensa sobre nós é a partir do que é construído midiaticamente. Mesmo nos esforçando drasticamente para quebrar o monopólio da comunicação a partir das redes sociais, que é um objeto do poder econômico”.

“Em um período anterior ainda conseguíamos ter alguma condição de construção de maior influência a partir das redes sociais, agora eles perceberam e o divisor de águas disso é o próprio processo de construção do golpe”.

Para Manuela, a eleição é o espaço que a população mais escuta sobre política. “Onde eles vão nos ouvir mais, na mídia alternativa ou na Globo? Qual o momento que o povo para pra pensar, por exemplo, sobre o que significa a Reforma Trabalhista ou sobre o que significa a candidatura de Alckmin? Nós precisamos desses espaços, se são os espaços que o povo valoriza”.

Da redação