A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila participou de sabatina promovida pelo jornal Correio Braziliense, na tarde desta quarta-feira (6). Na entrevista, ela falou sobre a unidade da esquerda, a federalização da educação, a necessidade de recompor a capacidade de investimento do Estado, o tema da previdência social e as privatizações.

Unidade da esquerda

Ao ser questionada, Manuela d’Ávila reforçou que a sua candidatura não é óbice para a unidade da esquerda e para o setor desenvolvimentista. “Sentei na mesa e disse: Se eu sou o óbice, e os outros três pré-candidatos do campo progressista (Lula, Ciro e Boulos) conversarão entre si e resolverão o tema de uma saída conjunta para o nosso campo. Uma saída conjunta representa esse campo ter uma candidatura comum. Então, eu não sou mais o óbice”, afirmou.

“Nós, do PCdoB, exaurimos os nossos gestos. A unidade que eu defendo, ela não é um conceito abstrato. Ela tem que se materializar na vida real”.

Para Manuela, a maior tendência é que seja preservada as quatro pré-candidaturas da esquerda.

A pré-candidata do PCdoB considerou como avanço os partidos de esquerda lançarem um programa mínimo de desenvolvimento para o país. “Foi a primeira vez que sentamos juntos (PCdoB, PT, PDT e Psol) e firmamos um projeto em comum”.

Manuela ressaltou que há um grande esforço em dizer que a esquerda brasileira está mais fragmentada ou com mais problemas. “Eu olho para o outro lado e vejo 14 pré-candidaturas e nós com 4. Defendo a nossa unidade, mas acredito que o desfecho será nós termos quatro pré-candidaturas. Todas com as suas diferenças, mas legítimas, fruto do debate de cada um desses partidos. Mantenho relações extraordinárias com os meus três oponentes. Somos oponentes, mas os adversários estão do lado de lá. Esses adversários estão em lençóis muito piores do que o nosso. Por que? O povo escolherá esse projeto deles? Por que eles tiveram que consagrar o impeachment sem crime de responsabilidade? Qual o projeto que o povo escolheu nas últimas quatro eleições? Foi esse? Foi o da reforma Trabalhista? Ninguém quer o governo Temer”.

Federalização do ensino básico

Manuela afirmou que é contra a federalização do ensino básico. “Creio que temos que enfrentar o tema real. A baixa qualidade ou o baixo desempenho dos estudantes decorre da falta de investimento dos estados e municípios. Quando a gente coloca, no centro da ideia de desenvolvimento, a recomposição da capacidade de investimento do Estado, não falamos da composição de investimentos da União apenas, mas da União, dos estados e dos municípios”.

“Temos dois debates centrais para fazer no Brasil, que é o sonho de Brizola. Ele falava da ampliação do número de horas que as crianças ficavam na estrutura escolar, e isso representa o debate que fazemos sobre o currículo: como colocamos tudo isso na escola se os alunos ficam um número pequeno de horas?”

Estado forte

Manuela defende a necessidade de o Estado ser forte e protagonista na articulação de um conjunto de políticas que garantam a retomada da economia. “Isso significa que ele precisa ser excessivo? Não, mas garantidor de políticas públicas, reformado para garantir um conjunto de investimentos privados, eficiente e transparente”.

Previdência

Na visão da pré-candidata é preciso debater o tema da previdência. “Temos dois debates a fazer: sobre qual é o real tamanho do déficit e o tema da sonegação. Qual o impacto real? É preciso fazer um debate global da Previdência, que envolva sociedade, governo e o povo. Se debate o aumento de idade, mas não se fala do trabalhador que faz uma jornada de 44 horas semanais, que é mais vulnerável ao desemprego… Entre os debates existe o de enfrentamento a privilégios. Queremos uma reforma para punir a maioria do povo, que aumenta o nível de idade sem mexer na qualidade de trabalho? ”.

Privatizações

A imagem pode conter: 1 pessoa, textoPara Manuela, as privatizações não devem ser debatidas de forma abstrata. “O que acontece no Brasil são formas de privatizar empresas estratégicas — como o Banco do Brasil, a Caixa (Econômica Federal), a Petrobras e a Eletrobras — que são estratégicas para a retomada da economia. Tem como imaginar uma Petrobras privatizada no país onde o principal modal de transporte é terrestre, que demanda diesel, combustível? Vamos conseguir disputar a tarifa real de juros no Brasil sem bancos públicos para impactar e competir com o sistema privado? Outra questão é como garantir que as estatais ajam de forma que não haja corrupção. Uma das propostas, ainda estou no começo dela, é criarmos módulos de controle. Como garantir que ali dentro exista fiscalização permanente, dada a relevância dessas empresas para o desenvolvimento do país”.

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