Manuela defende desenvolvimento com proteção social para Porto Alegre
Com um discurso contundente contra os últimos 16 anos de descaso com Porto Alegre, período em que representantes da velha política se revesaram no Paço Municipal, a candidata do PCdoB à Prefeitura, Manuela d’Ávila, participou de mais um debate do segundo turno nesta terça-feira (24), desta vez promovido pela Rádio Guaíba e o jornal Correio do Povo. Temas relacionados à vida da cidade, mas em especial à pandemia e às posições ideológicas marcaram o evento.
“Não dá, Melo. São 16 anos de vocês. Ainda hoje o PSDB te apoiou dizendo que você vai dar continuidade a eles. São 16 anos ininterruptos de abandono da cidade”, disse Manuela, dirigindo-se ao adversário Sebastião Melo (MDB), que foi vice-prefeito de José Fortunati (2013-2016).
“Realmente, tem práticas que são nefastas na política, como o acordão. Hoje, são todos os partidos que governam a cidade juntos para tentar manter as coisas como estão. Eu não admito que as coisas continuem como estão. A nossa cidade é extraordinária! E ela pode ser governada de outra maneira”, pontuou Manuela.
Em outro momento do debate, tratando de recursos que a cidade recebeu do governo federal para as obras da Copa, Manuela lembrou: “Porto Alegre teve quase um bilhão para executar essas obras e não conseguiu. Por que acreditar que agora, com menos dinheiro, num momento de crise, de pandemia, eles vão conseguir resolver nossos problemas? Eu não acredito. Eles gostam bastante de dizer que têm capacidade técnica e experiência, mas essa experiência de obras abandonadas, de avenida Tronco interrompida há quase uma década, sem as pessoas conseguirem atravessar a rua, com lixo se acumulando, essa experiência, definitivamente, eu não quero ter”. E reafirmou: “Precisamos escolher outro caminho, que não abandone a cidade, as obras, que dê continuidade a elas até porque as obras também significam emprego para o nosso povo”.
Ideologia e vacina
Outro assunto que veio à tona é a questão ideológica, alimentada e manipulada por Bolsonaro e seus seguidores de maneira mentirosa e enviesada, com o objetivo de dividir a população, estimular o ódio e desgastar adversários, movimento que vem corroendo as instituições e a democracia no país e que não poupa nem mesmo a vacina contra o coronavírus. Especialmente no segundo turno, o adversário de Manuela tem seguido essa mesma linha, tentado desqualificá-la por ser de esquerda.
“Vou ser prefeita, vou governar, vou ouvir o povo, vou dialogar. Mas minhas companhias me orgulham. As minhas companhias têm uma trajetória em defesa do combate à desigualdade social”, disse, citando os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff; Ciro Gomes, Marina Silva, os ex-governadores gaúchos Olívio Dutra e Alceu Collares e, antes, o governador Flávio Dino. E acrescentou: “Governar Porto Alegre é sobre isso: garantir desenvolvimento econômico e proteção social para os mais vulneráveis que estão ainda mais vulnerabilizados com a pandemia”.
A candidata colocou ainda que “nestas eleições, se debate muito sobre ideologia, assustam, criam monstros ideológicos, mas quem está governando de forma ideológica é o Bolsonaro que estabeleceu veto, por exemplo, à vacina produzida na China. Eu não tenho preferência por vacina, eu tenho pressa – evidentemente, resguardados todos os critérios científicos de aprovação da vacina”.
Portanto, completou, “a partir de 30 de novembro, se eu for a prefeita eleita, eu me deslocarei a São Paulo, como ato inaugural, para conversar com o Butantan, e com outros governos e laboratórios que tenham produzido a vacina. Porque sei que garantir a gestão própria da vacina e que a população se vacine é o primeiro passo e mais importante para que a cidade possa se manter aberta”.
Ainda sobre o enfrentamento à pandemia, Manuela destacou: “O debate não é se a vacina é obrigatória ou não; vai fazer fila para vacinar porque o povo quer trabalhar. Sou candidata a fazer a gestão própria da vacina, a garantir uma política de testagem séria. O Brasil está perdendo 7 milhões de testes que vão sair da validade porque o governo Bolsonaro não os distribuiu para os estados”.
Além da vacina, Manuela defendeu testagem em massa e trabalho conjunto das equipes do Imesf e dos serviços contratualizados, formando brigadas para impedir a ampliação do contágio. “É assim que a gente mantém a economia aberta: lutando para que a vacina chegue, para que os testes cheguem nos bairros e para que os nossos profissionais de saúde possam conversar, orientar e identificar casos na nossa população”.
Ao fazer suas considerações finais, Manuela destacou: “Nós estamos diante de uma oportunidade de mostrar que a prefeitura pode transformar a vida das pessoas. Eu acredito nisso. Acredito que podemos governar com a inteligência da cidade, em parceria com os servidores públicos, com aqueles que produzem cultura e arte, enfrentam as minas de carvão e as políticas de destruição da cidade e em parceria com a nossa rede conveniada”. E finalizou: “Sou candidata a prefeita para garantir que o nosso povo viva com dignidade”.
Por Priscila Lobregatte
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