A pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, deputada Manuela D’Ávila (RS), defendeu a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa eleitoral de 2018, durante debate com o jurista Yves Gandra Martins, nesta última terça-feira (19), na rádio Guaíba, de Porto Alegre.

Manuela também debateu sobre a celeridade do julgamento do recurso de Lula no TRF4, marcado para 24 de janeiro do ano que vem. “A pressa em julgar Lula representa um tratamento desigual”, explicou a candidata, que está organizando uma tribuna popular para debater o tema antes do julgamento.

A pré-candidata explicou que o objetivo não é afrontar a justiça e nem realizar um tribunal paralelo, mas oferecer uma interpretação sobre o conjunto da obra, como a perspectiva de se romper com o ciclo de legalidade a partir de um juízo açodado e o evidente ativismo político de alguns membros do judiciário. “Quando um magistrado julga com absoluta ausência de provas e persegue um autor, não um crime, isso acabará, em algum momento, prejudicando a todos os brasileiros”, completou.

A deputada estadual diz que não vê incongruência em defender um virtual adversário na disputa presidencial. “Queremos ganhar a eleição no voto e, sem Lula, sempre haverá a perspectiva de um pleito sem legitimidade”, reiterou. A pré-candidata criticou também a celeridade com que o Tribunal Regional Federal colocou o julgamento do ex-presidente Lula em pauta – um quarto do tempo da média de outros processos envolvendo políticos.

Yves justificou que a pressa tem relação com a importância do julgamento. O jurista admitiu, porém, que discorda dessa interpretação do STF e defende que qualquer acusado seja considerado culpado apenas após a sentença ter transitado em julgamento, ou seja, quando não houver mais possibilidades de recurso.

Questionado por Manuela, se estava querendo dizer que há uma preocupação do judiciário com o impacto político, não apenas das decisões, mas em relação ao tempo em que as decisões são tomadas, Yves começou respondendo, dando ênfase que Manuela é muito jovem. “Por experiência minha, tenho a impressão de que nem a sua mãe era nascida, mas em ‘1960 e poucos’, no STF…” Manuela respondeu que nessa época sua mãe tinha entrado na faculdade de direito, em 1968. “Ela é magistrada, então já era nascida, mas há pouco tempo”, brincou a candidata. Em outros momentos do debate, o advogado enaltecia sua carreira de longos anos, “com meus 59 anos de advocacia e 57 anos de professor universitário”, falava em suas respostas.

Yves é jurista, advogado, professor e escritor. Recentemente, um artigo escrito pelo jurista e publicado no blog do jornal cearense O Povo, ganhou repercussão após ser republicado pelo Estadão. Yves questiona a perda de direitos dos homens brancos e heterossexuais. “Não Sou: – Nem Negro, Nem Homossexual, Nem Índio, Nem Assaltante, Nem Guerrilheiro, Nem Invasor De Terras. Como faço para viver no Brasil nos dias atuais?”, indagou o professor, questionando os benefícios dados ás minorias. Porém, Yves parece ignorar a realidade das minorias no país. Exemplo disso, é que um jovem negro corre 2,7 vezes mais riscos de vir a ser vítima de homicídio do que uma pessoa branca da mesma faixa etária no Brasil.

Tribuna Popular

A pré-candidata do PCdoB programou para a véspera do julgamento do ex-presidente Lula no TRF4, em Porto Alegre, uma tribuna popular para debater as implicações das decisões judiciais nas eleições de 2018. O ato político, que terá a presença de juristas do Brasil e do exterior, será realizado no dia 23 de janeiro, às 20h, na Casa do Gaúcho (Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 301 – Parque da Harmonia).

Ouça a íntegra do debate clicando abaixo: