A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila, ressaltou que a baixa autoestima do povo brasileiro é devido ao momento de graves retrocessos que o Brasil atravessa, com a agenda ultraliberal e conservadora implantada pelo governo de Temer, ao participar do ciclo de palestras com os presidenciáveis, na manhã desta segunda-feira (11), na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para ela, a autoestima do povo só virá quando ele se vir no poder novamente.

Segundo Manuela, essa turma fez o povo brasileiro acreditar que o Brasil não é um grande país. “Fizeram acreditar que o nosso povo que é corrupto mesmo, que isso está no nosso DNA, que a gente não presta porque é preguiçoso – o nosso povo é um dos que mais trabalham no mundo. Qual a resposta para isso? É mais alegria, rebeldia e certeza que somos um grande país. É por isso que a gente precisa lutar muito para vencer as eleições”, disse.

Unidade da esquerda

Manuela explicou que foi lançada pré-candidata pelo PCdoB sempre com a ideia de que a esquerda brasileira não tem o direito e não pode dar ao luxo de perder as eleições. “Acho uma verdadeira irresponsabilidade tratar a eleição como algo episódico. Temos a obrigação de resgatar o Estado brasileiro para o nosso povo. Não é imaginável viver mais quatro anos com essa turma destruindo o Brasil, o Estado brasileiro e massacrando o nosso povo”, frisou.

“É evidente que quanto mais unidos nós estivermos, mais forças teremos”, afirmou a pré-candidata do PCdoB. Ela ressaltou que a bandeira do “fora Temer” une todos os brasileiros e brasileiras, mas que também é preciso lembrar que embora o atual governo esteja morto, há o fantasma do projeto neoliberalista e ultraconservador buscando outros corpos para reencarnar.

“A elite já incorporou o fora Temer, como se só tirar o Temer fosse a solução. Não é. Tem que mudar o projeto que governa o Brasil”, destacou.

A imagem pode conter: 4 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas sentadasManuela reforçou que ser pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB é algo muito significativo. “Por várias razões, a primeira é porque não brincamos de lançar candidato para fazer o partido crescer. Sou a primeira candidata mulher do PCdoB em 96 anos e sou a pré-candidata mais jovem da história do Brasil. Não acho que represento pouca coisa”, evidenciou.

“Por duas vezes fui eleita deputada federal mais votada do meu estado. Eu era a única jovem que não tinha um sobrenome importante. A única que não era descendente de uma capitania hereditária, e, portanto, a minha pré-candidatura representa o sonho de renovação da política. Se eu posso ser deputada e pré-candidata à Presidência, qualquer brasileiro e brasileira pode. Não precisa ser poderoso, da elite, ter sobrenome, ser homem, ter mais de 60 anos, andar de terno e gravata ou fazer de conta que falar difícil é ter projeto de país, porque não é. Mesmo tendo claro tudo isso, nós fizemos o gesto de dizer que se sou o problema da unidade do nosso campo, então existe esse problema. O que está à frente de mim e do meu partido, é o Brasil e o povo brasileiro”, declarou.

Manuela explicou que o gesto feito pelo PCdoB, ao que tudo indica, não repercutiu resultado, portanto, não há razões para ela retirar sua pré-candidatura. “Se não vai solucionar, se não é uma saída para o conjunto da esquerda, é para que? Nós fizemos o gesto e o nosso esforço é permanente”.

A imagem pode conter: 3 pessoas, pessoas sentadas e área internaManuela realçou que a sua pré-candidatura é estruturada a partir da denúncia da prisão política do ex-presidente Lula e do golpe em curso no Brasil, mas com a ideia que também é preciso olhar para frente e resgatar o Brasil para os brasileiros e brasileiras. “É preciso debater projeto na eleição, porque senão eles ficam falando de outras coisas, ficam vendendo ódio e diferenças que não existe”.

Segurança Pública

Em sua visão, a esquerda brasileira não compreendeu esse debate na década passada. “Foi um erro porque esse campo político fazia um discurso certo, mas insuficiente. Que era qual? De um lado as polícias são responsabilidades dos estados. Uma verdade. Os ciclos policiais não são, eles são constitucionais. Do outro lado, também dizíamos que a desigualdade e a pobreza aumentam a violência. O que nós vimos na última década? Que mesmo diminuindo a miséria e combatendo a pobreza, a violência cresceu no Brasil”.

Para Manuela, isso tem várias razões, mas é preciso compreender uma especificamente. “A atual política de segurança do Brasil, ela não é só fruto da desigualdade, ela estrutura a desigualdade. Porque um jovem que recebe o seu uniforme do presidio, para o resto da vida será um jovem fora de um projeto de país. Alguém empresa jovem ex presidiário? ”, indagou. Na sua avaliação, é preciso enfrentar esse tema com o olhar da importância que ele tem na construção da desigualdade brasileira ou sempre será enfrentado superficialmente.

“Enfrentar esse tema para mim é com uma política nova de segurança, é enfrentar o tema das drogas e das polícias”.

Democratização da mídia

Para a pré-candidata do PCdoB, a democratização da mídia é o tema da garantia de liberdade e expressão no Brasil. “Para mim o debate é sobre liberdade. Defendo liberdade das pessoas falarem, liberdade das universidades terem televisão, liberdade de mais canais abertos”.

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sentadas, pessoas no palco, mesa e criança“O Brasil é um país muito diverso. Nem se quer o que é previsto na Constituição está valendo em relação a mídia, basta ver a perspectiva dos conteúdos regionais. São absolutamente negligenciados pelos monopólios”, denunciou.

Segundo Manuela, a população brasileira não se vê e nem se escuta na TV. Ela alertou que esse monopólio é vinculado a elite brasileira que destrói o Brasil. “Não dá para subestima-los. Na hora do golpe e na prisão do ex-presidente Lula, nós vimos bem”.

Após participar de uma extensa agenda de atividades na Bahia, a pré-candidata do PCdoB voltou para Porto Alegre nesta segunda-feira (11), para exercer suas atividades parlamentares na Assembleia Legislativa.

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