Manuela: "Reconhecer a existência do racismo como estruturador das nossas desigualdades é um ato político subversivo"

A candidata do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela d’Ávila, realizou debate na tarde de sábado (24) sobre a construção de uma cidade antirracista, com a participação da filósofa Djamila Ribeiro. O local escolhido foi a Praça do Tambor, próximo à Usina do Gasômetro, onde outrora foi local de enforcamentos de escravos e que hoje homenageia a cultura negra na capital gaúcha. Na ocasião, Manuela assinou uma carta-compromisso de combate ao racismo.

Após fazer um breve histórico sobre o impacto da escravidão na vida das negras e negros brasileiros ainda hoje e sobre o racismo estrutural dela decorrente, Djamila colocou: “É fundamental pensar políticas que diminuam os abismos sociais. Manuela estava me dizendo que Porto Alegre é a cidade que tem a maior diferença de escolaridade entre brancos e negros. Por isso é importante apoiarmos uma candidata que sabe a respeito para a gente poder pensar políticas públicas para incidir sobre isso”.

A filósofa destacou: “Não é à toa que a maior parte da população em situação de rua é negra; não é à toa que a maioria das mulheres que morrem de mortalidade materna é negra; não é à toa que a maior vítima da violência policial é o jovem negro; nada disso é à toa. Então, em qualquer área que a gente vai discutir — segurança pública, moradia, direitos humanos, economia — a questão racial tem de perpassar e não ser algo tratado de maneira menor”.

O evento abriu espaço para perguntas feitas pelos participantes. Questionada sobre o seu compromisso com o combate ao racismo, Manuela destacou: “Tenho um compromisso de vida — e não de candidata — com a luta pelos espaços comuns para mulheres e homens, para que a gente partilhe esses espaços, e dentro disso está a questão racial. Eu quero que a nossa administração reflita os meus compromissos, a minha vida”.

Manuela apontou que além dos espaços decisórios nas secretarias, “é importante a gente retomar os espaços de participação na cidade” porque, explicou, quando isso não  acontece, “são fechados os espaços em que as mulheres e os homens negros também organizam sua participação”. Entre outras questões que fazem parte do pacto, Manuela destacou a capacitação dos trabalhadores da administração para o combate ao racismo.

Sobre a atuação da Guarda Municipal, Manuela lembrou que se trata de “uma guarda de composição super-popular”, mas que nos últimos governos tem sido orientada para ter uma conduta violenta. “Basta ver o espetáculo que eles organizam no centro contra os trabalhadores informais”, lembrou.

A candidata ressaltou ainda que “reconhecer a existência do racismo como estruturador das nossas desigualdades é um ato político subversivo no Brasil em que a gente vive e nós faremos essa subversão porque é assim que a gente enfrenta as violências, reconhecendo que elas existem e estruturam a cidade em que a gente vive e fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance, lutando junto com o povo”.

Por Priscila Lobregatte

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