Missil nuclear SSBS S-3, hoje oficialmente não mais operacional no arsenal francês desde o final dos anos 70. Modelo em exposição no Musée de l'Air et Espace Le Bourget

O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou na quinta-feira (28) que é preciso discutir a proposta russa de uma moratória na instalação de mísseis nucleares de curto e médio alcance (INF), e que esta iniciativa não pode “simplesmente ser descartada”. “Vamos falar sério, é sobre a segurança da Europa que estamos falando”, acrescentou.

Em agosto, o Tratado INF que baniu desde 1987 os mísseis nucleares de alcance intermediário do teatro europeu foi extinto, por iniciativa do regime Trump. Na década de 1980, com as principais capitais a minutos da destruição nuclear, o que causou gigantescas manifestações pela paz, levou à assinatura do acordo por Washington e Moscou.

Imediatamente após o término formal do Tratado INF, a Rússia propôs aos países europeus e aos EUA uma moratória na instalação desses na Europa.

No início da semana, jornais alemães afirmaram que Macron enviou em outubro uma carta a Putin sinalização a disposição de discutir a proposta “em detalhe”.

Após se reunir com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, Macron refutou ter aceitado a proposta russa. Declaração que foi o que mereceu a desinteressada atenção da mídia imperial. Também é de Macron a afirmação de que a Otan está “sob morte cerebral”, que tanta repercussão causou na Europa.

“BASE PARA DISCUSSÃO”

Macron insistiu em ter a iniciativa russa “como base para a discussão”. Ele convocou os parceiros europeus a terem voz ativa nas negociações pós Tratado INF.

“O tratado INF foi revogado pelos Estados Unidos, mas lembro que é nossa segurança que está em jogo. A dos nossos aliados europeus”, ressaltou o presidente francês.

“Isso implica que os europeus devem se envolver neste futuro tratado. Não podemos terceirizar nossa segurança para um acordo bilateral em que nenhum europeu é um participante.”

Reconhecendo preocupações no leste europeu sobre suas iniciativas diplomáticas em relação à Rússia, Macron disse que a França seria “intransigente” em defender a soberania dos aliados europeus se eles fossem atacados.

“Mas a ausência de diálogo com a Rússia tornou o continente europeu mais seguro? Acho que não – acrescentou.

Já em agosto, Macron defendeu a inclusão da Rússia em um novo sistema de segurança na Europa, ao se encontrar com o convidado Vladimir na residência mediterrânea de Fort de Brégançon.

Em setembro, realizou-se em Moscou uma reunião de alto nível entre os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos dois países.

No início de outubro, Paris apoiou a restauração de todos os direitos da delegação russa na Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa. Até agora, os países da OTAN, liderados pelos EUA, mantiveram uma atitude comum e negativa em relação às ofertas russas para proteger a arquitetura de segurança da Europa. Em outro terreno de preocupação comum, no próximo dia 9 será retomada a discussão sobre a paz na Ucrânia, no chamado Formato Normandia, com a presença da França, Alemanha, Ucrânia e Rússia.