Macron: “não vacinados põem em perigo a liberdade de demais franceses”
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que “os não vacinados não apenas colocam em perigo a sua vida, como também estão limitando a liberdade dos demais, e isso não posso aceitar”. Diante de tal comportamento, sublinhou, o governo decidiu pressionar os que agem irresponsavelmente a se somarem à campanha coletiva de imunização contra o coronavírus.
Em meio a um pico sem precedentes de infecções no país, com mais de 270.000 casos em apenas 24 horas, o presidente voltou a condenar os inconsequentes que alastram a pandemia e reiterou que sua estratégia para sair da crise sanitária passa por “vacinar, vacinar e vacinar”.
“O que me impressiona é a situação em que estamos. A verdadeira fratura do país é esta: quando alguns fazem de sua liberdade, que se transforma em uma irresponsabilidade, um slogan”, frisou.
Para enfrentar a gravidade do quadro, Macron utilizou em francês o verbo “emmerder”, gíria que pode ser traduzida como “ferrar”, “irritar” ou “complicar a vida” daqueles que continuarem dando as costas à gravidade do problema.
“Alguns podem ficar impressionados por uma maneira de falar que parece coloquial e que assumo completamente”, disse Macron em entrevista coletiva junto à chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A três meses das eleições presidenciais, o presidente que não informou se será ou não candidato resolve demarcar campo e pontuou que “aqueles que não estão vacinados, eu realmente quero enfurecê-los. E assim, continuaremos a fazê-lo, até o fim. Essa é a estratégia”.
“Quase todas as pessoas, mais de 90%, aderiram” à vacinação e “é uma pequena minoria que é refratária”, assegurou Macron. “Como reduzimos essa minoria? Reduzimos, desculpe dizer, incomodando ainda mais”, acrescentou.
A França implementou no ano passado o passe de saúde que exige que as pessoas apresentem um teste PCR negativo ou o cartão de vacinação para entrar em restaurantes, cafés ou bares. O posicionamento do presidente voltou a esquentar os debates na Assembleia Nacional, que desde a semana passada discute a criação de um passaporte de vacinação,
Uma das candidatas presidenciais de extrema-direita, Marine Le Pen, acusou Emmanuel Macron de ser “incendiário”, com comentários de “grande violência”. O outro candidato da extrema-direita, Eric Zemmour, acredita que com seu combate à Covid, Macron adota uma postura “ridícula, infantil e cínica”, por meio da qual “quer roubar as eleições dos franceses” falando apenas da pandemia.