Macri se complica ao tentar justificar sua gestão de arrocho e devastação - foto ABC Color

“O populismo hipoteca o futuro para que você viva um presente. E quando se acaba, se acaba. É como ceder a administração da tua casa à tua mulher, e ela em lugar de pagar as contas, usa, usa e usa o cartão de crédito, e um dia vêm e hipotecam a tua casa”, disse Mauricio Macri em entrevista a uma rádio da cidade de Pergamino, no interior da província de Buenos Aires, em plena campanha eleitoral.

Não foi bem-vista a desastrada tentativa macrista de defender o arrocho ao qual submeteu a Argentina, elevando os preços dos produtos e serviços básicos à estratosfera, cortando serviços públicos e programas sociais, acarretando uma quebradeira em massa das empresas locais e levando o país ao desemprego no nível mais alto em treze anos, findando com a entrega da economia do país ao FMI.

Imediatamente dezenas de milhares contataram a emissora criticando o disparate machista.

A candidata da oposição à vice-presidência, Cristina Kirchner foi direta: “Viram? Eu avisei que era um machistinha”.

“Macri não entende nada do que acontece à Argentina. Quem utilizou o cartão de crédito dos argentinos e nos endividou irresponsavelmente, é o próprio presidente”, afirmou María Eugenia Bielsa, ex-vice-governadora de Santa Fé, considerada provável ministra de Alberto Fernández.

“Como o governo não iria subutilizar o orçamento para prevenir e erradicar a violência de gênero se Macri pensa assim?”, replicou a deputada da Frente para a Vitória –PJ, Cristina Alvarez Rodríguez.

A comentarista política, Luciana Salazar, também respondeu: “Se você entrega o país a um grupo de machistas ineptos, incompetentes, eles o devolvem com 60% de inflação interanual, 6 milhões de pobres, dívida externa impagável, 10% de desempregados e dólar a 60 pesos. As mulheres não têm nada com isso”.

Também expressou seu repúdio a deputada Victoria Donda, do Partido Somos, que integra a Frente de Todos, e que é cogitada para um futuro Ministério da Mulher, se Alberto Fernández sair vitorioso.  “As palavras de Macri, mas, acima de tudo, suas ações como presidente, demonstram que ele não tem nenhum compromisso com o povo e que segue sendo o mesmo machista que sempre foi”.

A mídia, em todas as suas vertentes, acabou repercutindo intensamente as reações a essa entrevista. Diante disso, Macri acabou admitindo que havia utilizado um mal exemplo. “Nós sabemos que elas administram melhor que nós”, ensaiou e logo foi respondido: “Ninguém mais acredita nele, é um farsante”, frisou Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio.

Alberto Fernández, candidato à Presidência da Argentina pela coligação Frente Para Todos, venceu o debate eleitoral do domingo, dia 13, de acordo com 44,4% dos que o assistiram. Já o candidato à reeleição, o atual presidente Mauricio Macri, teve desempenho mais fraco, com apenas 23,5% dos entrevistados considerando que ele teria se saído em melhores condições que o opositor.

O resultado corresponde a uma avaliação sobre o debate presidencial com base em pesquisa realizada pela consultora Federico González & Associados publicada na quarta-feira, 16.

Segundo informa a pesquisa, a diferença também foi significativa quando a pergunta foi acerca de qual dos seis candidatos que participaram mostrou mais credibilidade: 42,5% optaram pelo candidato opositor, e só 25% deram mais crédito ao atual presidente.

O informe da consultora assinalou ainda que Alberto Fernández demonstrou estar “mais capacitado para ser o próximo presidente da Argentina” na avaliação da metade dos participantes da pesquisa. E nessa questão, mais uma vez, Macri, com 29% das adesões ficou abaixo de Fernández que conta, em sua chapa, com a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice-presidente.

 

O debate também confirmou a forte polarização entre esses dois candidatos, o que se viu no resultado da eleição primária – 47,37% contra 32,30%. É assim que, em terceiro aparece o desempenho do candidato do Consenso Federal, Roberto Lavagna, com 3,5% de avaliadores positivos.

Os dados, esclarecem os pesquisadores, consideram os “cidadãos que viram o debate na forma total, ou parcial, diretamente ou por reexibição”.

Foi, por muitos, questionada a postura de Macri que, durante o debate, fingiu desconhecer que sua política levou o desemprego na Argentina ao seu nível mais alto em treze anos: 10,1%, o que atinge 2.133.000 pessoas. Passando por cima da crise que se instalou no país declarou: “Hoje temos modernizado a Argentina, temos construído infraestrutura para o futuro. Temos melhorado a educação. Estamos travando uma batalha dura contra o narcotráfico. Voltamos ao mundo. Se pudemos fazer tudo isso, como não vamos poder consertar a economia?”

 

Fernández respondeu com decisão: “Não sei em que país vive Macri. Está tudo bem? Não tem desemprego? Dos 39 bilhões de dólares que o FMI entregou houve fuga de 30 bilhões. Esses dólares não estão na produção, nem em pontes, nem em moradias, os levaram embora seus amigos, presidente. É hora que deixe de mentir”.