“Lula vencerá eleições no primeiro turno”
A economia será a questão de maior peso na decisão dos eleitores em 2022, fazendo Lula ser eleito já no primeiro turno. A opinião é do professor de Economia das Universidade de Brasília (UnB), José Luis Oreiro, que é fundador e coordena o Structuralist Development Macroeconomics Group, grupo de pesquisa no âmbito da Macroeconomia do Desenvolvimento Estruturalista. “Dói você ir ao supermercado e trazer cada vez menos comida para casa. Dói você encher o tanque do seu carro e ter que pagar cada vez mais. Dói as pessoas não terem o que comer”, lamenta.
A opinião dele é corroborada pelo resultado da pesquisa Genial/Quaest de intenção de voto, divulgada nesta quarta-feira (10/11): 48% dos entrevistados apontaram a área econômica como o principal problema do país hoje; à frente da saúde/pandemia (17%) e das questões sociais (13%). Dos respondentes, 73% acreditam que a economia do Brasil piorou no último ano, mais do que os 62% que tinham essa opinião há três meses.
“A preocupação com a economia é o resultado do péssimo estado em que a ela se encontra: inflação acumulada nos últimos 12 meses já passa de 10%, a taxa de desemprego já está acima de 12% há muitos anos, 4 milhões de pessoas que saíram da força de trabalho por conta da pandemia ainda não voltaram. Isso significa que os desocupados no Brasil são algo como 18 milhões de pessoas”, acrescenta Oreiro.
Também divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 1,25% em outubro, atingindo 10,67% em 12 meses. Dos que participaram da pesquisa Genial/Quaest, 23% apontaram o crescimento econômico como o principal problema econômico enfrentado hoje pelo país; 14%, o desemprego; e 11%, a inflação.
“Nós vimos nos últimos 2 meses pessoas catando comida em caminhões de lixo. Então é por isso que a economia é agora a maior preocupação e será o fator decisivo nas eleições de 2022. Acho que não há tempo de se obter uma melhoria significativa da economia, pelo contrário, as perspectivas são de continuidade de uma inflação alta, embora talvez menos do que 10% ano que vem, mas a inflação será certamente superior a 5%. Então teremos a continuidade da queda do rendimento real das pessoas, do padrão de vida, aumento da miséria”, prevê Oreiro.
O professor de Economia da UnB diz que a economia deve crescer muito pouco em 2022 porque o Banco Central, ao aumentar a taxa de juros, encontra-se na direção oposta ao que acontece em outros países: “Enquanto o BC dos EUA, da Europa, do Japão e do Reino Unido não reagem a essa elevação da inflação – que é mundial, mas é devida a um choque de oferta e, portanto, de natureza temporária –, o Brasil está na contramão de tudo o que é feito no mundo civilizado, está usando a taxa de juros para combater um choque de oferta”.
Para Oreiro, a implementação do Auxílio Brasil não ajudará a reverter o quadro ruim para 2022. “O Auxílio Brasil vai ser menor em termos de abrangência do que o auxílio emergencial foi ao longo de 2021, quando mais de 30 milhões de famílias foram atingidas. O nova Bolsa Família vai atender apenas 17 milhões de pessoas. Então mais ou menos 20 milhões de pessoas vão deixar de receber benefício social em 2022. Eu acho que vai ser um ano catastrófico na economia e, com isso, irá se sacramentar a vitória do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições de 2022”.
De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, em julho de 2021, chegavam a 41% do total os entrevistados que acreditavam que saúde/pandemia eram o principal problema do país, mais do que o dobro que atualmente. Já o crescimento econômico, que era considerado desta forma por 10% dos participantes, passou agora a ocupar lugar de maior relevância para 23%; a inflação, que era prioridade para 2%, passou a ser para 10%; e a pobreza/desigualdade, que era o principal foco para 7%, hoje é para 13%.
Dos entrevistados, 33% acreditam que Lula seria melhor para resolver o problema da economia, ante apenas 11%, que consideram Bolsonaro melhor. Com relação ao desemprego, o ex-presidente tem a confiança de 32% enquanto o atual, de 15%. Nas questões sociais, 47% acreditam mais na competência de Lula sobre 5% de Bolsonaro.
Oreiro pondera que, com o avanço da vacinação, o número de mortes está caindo. “Então há uma sensação de que o pior da pandemia já passou, o que pode ser um pouco otimista demais porque nós estamos vendo um aumento do número de casos na Europa e nos Estados Unidos. Isso é preocupante, eu não acho que a pandemia tenha passado. Mas a percepção da sociedade é de que, realmente, o pior da pandemia já passou, mas a economia do Brasil – ao contrário do que está acontecendo nos países europeus e nos EUA – é um caos econômico completo. É por isso que a economia será o fator determinante em 2022. Em 2018, nós não discutimos economia. Finalmente, o Brasil vai ter que discutir a sério nas eleições a nossa economia, que está em estado deplorável”, afirma.