Fotomontagem feita com as fotos de: Eberhard Grossgrasteiger/Pexels e Alan Santos/PR

O fato é que Bolsonaro e seu projeto golpista se veem mais isolados do que nunca. Para ele, ou é o caos ou a derrota eleitoral.

Por Luciano Siqueira*

Evidente que num cenário de instabilidade em todas as esferas da sociedade, tudo pode acontecer.

Inclusive atos de insanidade coletiva, sobretudo instigados por uma liderança expressiva, capaz de mobilizar centenas de milhares.

Entretanto, quando se trata da luta política a correlação de forças real pesa.

É o que se pode presumir em relação às pretendidas manifestações da extrema-direita bolsonarista no próximo 7 de setembro.

São hordas de crentes no absurdo, como bem caracteriza Giuliano Da Empoli no livro “Engenheiros do caos”.

Os que as dirigem a partir de determinado gabinete do Palácio do Planalto e de outros ambientes sórdidos, parece terem esgotado suas alternativas táticas.

Para eles, ou é o caos — do qual seria possível, quem sabe, emergir um governo ditatorial – ou a derrota eleitoral.

O fato é que Bolsonaro e seu projeto golpista se veem mais isolados do que nunca.

Com um agravante: pelo péssimo desempenho do governo, já não tem mais o que oferecer.

Além de crescentes parcelas de milhões de brasileiros e brasileiras duramente atingidos pela semiestagnação da economia, a crise energética, o desemprego e a inflação de preços de alimentos, além da insegurança em relação à covid-19, setores da elite dominante beneficiária do ultraliberalismo manifestam-se contra as pretensões golpistas do presidente.

Bolsonaro reage com mais diatribes verbais e uma indisfarçável necessidade subjetiva de se mostrar forte, quando na verdade já não é.

Transformar os atos convocados por ele e seus seguidores, no dia 7, em fato político relevante, de sentido atentatório ao regime democrático, converte-se assim numa espécie de opção desesperada.

Haverá, naturalmente, o contraponto das manifestações de oposição que acontecerão em centenas de cidades médias e grandes, incluindo as capitais, e até do exterior.

E também a narrativa dos meios de comunicação convencionais e digitais, que nitidamente já não dão vantagem ao presidente e à pregação fascistóide.

No dia 8, o desenho da correlação de forças estará visível.

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*Médico, vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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