A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos foi a convidada do programa Olhar 65 desta quinta-feira (16 ) para debater “partidos e movimentos vão às ruas pelo Fora, Bolsonaro”. A live abordou também as mais recentes articulações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, a movimentação da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados pela derrubada dos vetos ao projeto da Federação e a mobilização em torno do 15º Congresso do PCdoB. O programa é apresentado pelo secretário nacional de Comunicação do PCdoB, Adalberto Monteiro e pelo jornalista Osvaldo Bertolino.

A presidenta do PCdoB ressaltou que participou de duas atividades nesta quarta-feira (15) com o foco na construção da frente ampla. Uma delas com representantes do PDT, PT, Psol, PSB, Rede, Solidariedade, PV e Cidadania que – juntamente com o PCdoB – que se uniram em torno dos atos dos dias 2 de outubro e 15 de novembro pelo impeachment de Jair Bolsonaro. Foi decidida a criação do Comitê pelo impeachment e aprovada a elaboração de um manifesto.

“Não dá para gente errar na política porque o povo está sofrendo demais. Ninguém aguenta mais o preço do feijão, o preço do arroz, a alta da energia e essa crise hídrica. As consequências diretas para o povo são gigantescas. Além das perdas que tivemos de quase 600 mil brasileiros e brasileiras que nós perdemos pela postura negacionista de Bolsonaro”, declarou.

Na opinião da dirigente, a eleição de 2022 não pode estar acima da luta que está sendo travada pelas forças democráticas para resgatar o país. “Estamos diante de um governo errático, vazio, sem propostas, incompetente, recheado de denúncias de evidências de corrupção na compra das vacinas”, criticou.

Luciana Santos lembrou que os momentos de virada na conjuntura sempre exigiram ampla convergência. “Ninguém é dono da verdade e é preciso ter paciência revolucionária. E o que tem unido todos nós é a luta pelo fora Bolsonaro, a defesa da democracia e da Constituição e uma agenda para o país que tire o povo dessa situação dramática que está vivendo.”

Frente Ampla

Luciana analisou a unificação dos 9 partidos como um marco recente da tática de frente ampla que tem sido defendida pelo PCdoB desde o início. Ela considerou que a presença de mais partidos construindo os atos nos dias 2 de outubro e 15 de novembro apontam para o embrião de uma construção que vai crescer.

“Temos que retomar as grandes manifestações das Diretas Já, das lutas pela anistia, de quando conseguimos interromper a ditadura através de uma saída que foi o colégio eleitoral. Tudo isso só foi possível quando reunimos vários setores que pensam diferente, que não tem a mesma agenda econômica, mas que tem hoje unidade de que Bolsonaro não dá”.

A dirigente também participou nesta quarta-feira de um ato em defesa da democracia brasileira organizado pelo movimento Direitos Já na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Paulo e que teve a presença de 16 legendas de esquerda, de centro e de centro direta. “Uma das lições mais importantes que tiramos nessa reunião de partidos é que vamos precisar acolher os diferentes. Não dá para tomar iniciativas e na prática fazer uma disputa velada das posições de cada um. Precisamos entender que existem diferenças programáticas, que existiram posições diferenciadas mas hoje se impõe uma necessidade histórica de reunir todos aqueles que estão contrários a essa agenda bolsonarista do Brasil”.

Ela comentou os atos do dia 12 de setembro organizados pelos movimentos Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) em algumas cidades brasileiras pedindo o impeachment de Bolsonaro. “Embora não tenham sido quantitativos, os atos têm simbolismo. Possibilitam que a gente fale com uma base que está incomodada com o Bolsonaro e que não tem identidade programática com a gente. É uma base que nós não reuniríamos nas nossas manifestações. Hoje as nossas forças que têm mais identidade programática e até ideológica nós não conseguimos ter 120, 130 votos para o impeachment, por exemplo”, analisou Luciana. De acordo com ela será feito um esforço político para que forças políticas participem dos próximos atos.

Nesse contexto de isolamento de Bolsonaro, Luciana Santos respondeu perguntas sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia no Senado. Segundo ela, a CPI conseguiu desmascarar Jair Bolsonaro e o relatório deverá indicar os crimes do presidente.  “A CPI foi nesse período mais recente o principal palco de desmascaramento do Bolsonaro. A comissão possibilitou e fez vir à tona aquilo que nós temos convicção porque assistimos acontecer mas era preciso haver testemunhas e provas desse desmascaramento”.

O efeito do isolamento de Bolsonaro se reflete na queda da popularidade do presidente. Pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira (16) apontou que aqueles que julgam o governo como ruim ou péssimo subiu para 53% em setembro enquanto em julho a taxa era de 51%. Caiu para 22% na atual pesquisa o percentual dos que consideram o governo ótimo e bom enquanto em julho era de 24%. “Essa pesquisa veio revelar o que vínhamos denunciando: nós voltamos ao mapa da fome. Voltamos a ter um Brasil com metade da população com insegurança alimentar”, afirmou Luciana.

Federação e Congresso do PCdoB

Após o veto de Bolsonaro ao projeto da Federação, o PCdoB retoma a mobilização no Congresso pela derrubada dos vetos. É necessário maioria absoluta na sessão do Congresso. Até esta quarta-feira estava apalavrado com líderes importantes a sessão no Congresso para a próxima terça-feira (21).  “Estamos chegando na reta final de uma verdadeira saga para garantir regras eleitorais democráticas no nosso país”, disse Luciana.

De acordo com ela, a aprovação da federação não é apenas uma questão do PCdoB. “A questão é que o sistema é impraticável e faz reserva de mercado e por isso a força dessa necessidade de mudança na lei eleitoral”. Luciana lembrou que a Federação surpreendeu ao obter 400 votos na votação de urgência e no mérito foram 304 votos. “Não canso de elogiar a bancada do PCdoB. Ajudamos a construir uma pauta sobre os destinos da nação e somos muito respeitados. Nós fazemos política com P maiúsculo, fazemos política que faz diferença”.

O protagonismo do PCdoB nesta e em outras questões tem sido um combustível para a militância do partido que em um mês realiza o 15º Congresso. “Eu penso que o espírito de combate da nossa militância é gigantesco. Eu me orgulho muito de participar das conferências em torno do Congresso e perceber o grau de politização e de maturidade do nosso partido”, opinou Luciana. Para ela, o PCdoB compreende a batalha em que está inserido. “Temos um programa consistente e sabemos para onde é preciso levar o brasil. Por isso essa mobilização imensa, muitas assembleias de base, muito entusiasmo em um momento de grande adversidade do nosso partido”. A presidenta do PCdoB lembrou que, ao contrária da maioria que desanima em momentos de adversidade, “o PCdoB se agiganta” nesses momentos.

Assista a live na íntegra: