Deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados.

Assustados com a ampla mobilização dos servidores públicos federais, que ameaçam promover uma greve geral ainda no início deste ano contra o tratamento discriminatório de Bolsonaro, que prometeu reajuste salarial apenas aos policiais e nada para o restante do funcionalismo, membros do governo já avaliam que a estratégia eleitoreira do presidente foi “um tiro que saiu pela culatra”.

O líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo, que diante do descontentamento que a promessa de Bolsonaro causou em mais de 600 mil servidores públicos, a melhor estratégia agora seria recuar do reajuste apenas aos servidores das forças de segurança.

O que o líder do governo defende é “não dar nada a ninguém”, inclusive aos servidores da carreira policial.

“O governo tomou a decisão política, o recurso entrou no orçamento, mas não carimbou para quem vai o dinheiro. Evidente que uma possibilidade é não ter aumento para ninguém. Vamos aguardar a evolução do assunto”, disse o deputado.

Só que o empenho pessoal de Bolsonaro em privilegiar a categoria de servidores que ele considera como sua base eleitoral, e o sucesso da empreitada, que acabou garantindo uma reserva de R$ 1,79 bilhão do Orçamento para reajuste dos policiais, acabou sendo o estopim que desencadeou o descontentamento do restante do funcionalismo público, que está sem reajuste salarial desde 2017.

Agora, o que os servidores querem é “reajuste para todos” e, desde meados de dezembro, vêm promovendo uma mobilização inédita da categoria, com entrega de cargos de chefia em postos chaves da administração federal, como a Receita Federal, o Banco Central e órgãos dos ministérios da Educação e Saúde, entre outros, além da de uma mobilização nacional com paralisação nos próximos dias 18 e 19, e indicativo de greve geral em fevereiro.

O descontentamento de 90% dos funcionários públicos com a postura do presidente e a força da mobilização da categoria, já fez até o próprio Bolsonaro tentar desconversar e dizer, em uma de suas lives, que “não tem nada definido”, e que “todos merecem”.

Para o presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), o que Bolsonaro fez foi “mexer num vespeiro”.

“Ele fez o que os dirigentes sindicais não estavam conseguindo: que foi mobilizar as categorias do funcionalismo”, disse.