O líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros, fala à imprensa no Palácio do Planalto

Sindicatos e entidades representativas dos servidores públicos repudiaram a fala do líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR), que afirmou que apenas os policiais terão reajuste salarial em 2022, e que as demais categorias do funcionalismo “precisam se entender”.

“As categorias a serem beneficiadas são da área de segurança pública. Os sindicatos dos servidores públicos precisam se entender. Aumento linear para todos não haverá, são R$ 3 bilhões para cada 1% de aumento para o servidor público”, disse o parlamentar na abertura do ano legislativo, na Câmara, no último dia 2.

“Ou eles se entendem e quando uma categoria consegue avançar, as outras apoiam, porque um dia vai chegar sua vez, ou fica como está. Alguns podem receber e outros não. Todos são contra e ninguém recebe nada, é simples assim”, chantageou.

Para o presidente do Fórum Nacional das Carreira Tópicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, é inconcebível que o líder do governo afirme que os servidores não terão a reposição salarial a que têm direito e pedir para aceitem passivamente. “Essa questão do acerto com os policiais em nada muda o nosso calendário de mobilização, é uma campanha que começa agora e só se encerra quando houver a recomposição. É impossível atender isso que pede o líder do governo, ou seja, que nós fiquemos calados”, avisou.

“Já perdemos um terço do poder aquisitivo dos salários desde a última recomposição para maior parte do funcionalismo, em 2017, portanto nós vamos intensificar a luta pela recomposição salarial, senão o presidente Bolsonaro será o único nos últimos 20 anos a não conceder uma reposição linear para o funcionalismo. Isso nós não podemos permitir que aconteça”, afirma.

O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), afirmou a declaração enfureceu a categoria. “Os Auditores-Fiscais estão no ‘final da fila’ há mais de cinco anos e nossa principal reivindicação é o cumprimento de um acordo firmado com o governo federal em 2016”. “Além de infeliz e desrespeitosa, consideramos, ainda, que a declaração do deputado Ricardo Barros é irresponsável porque serve tão somente para acirrar o sentimento de revolta e indignação entre os Auditores-Fiscais”, ressalta.

“Parece-nos que o presidente Bolsonaro quer porque quer dar o reajuste para as forças policiais federais e, talvez, vá fazer também algum sentido de apoiar reajustes das forças policiais nos estados, e onde houver nos municípios, por projeto eleitoral. Isso não dá para aceitar”, disse Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

“O que as outras carreiras querem efetivamente é um aumento de natureza geral para todos os servidores”, declarou o presidente do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal (Sindireceita), Antônio Geraldo Seixas, que critica a decisão do governo federal de não cumprir o reajuste e nem regulamentação do bônus salarial. “Nós do Sindireceita queremos o cumprimento de um acordo afinado em 2016. Ou seja, não se trata de um novo reajuste, de uma nova negociação salarial”, disse Antônio.

“A mobilização também se presta a reverter aquilo que foi feito no Orçamento, porque para reservar esse R$ 1,7 bilhão, foi retirado o recurso de mais de R$ 1,2 bilhão do Orçamento

ordinário da Receita Federal. O que é inaceitável, até porque o orçamento da Receita já era reduzido remontando ao valor de dez anos atrás. Se a gente for olhar inclusive a Constituição Federal, esse ato deveria ser considerado inconstitucional, porque a administração tributária deve ter recursos prioritários”, completou.

Rudinei explicou que o Fonacate tem mantido reuniões semanais com o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) para reforçar a mobilização.