O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou o presidente Vladimir Putin no domingo (3) sobre a libertação completa da República Popular de Lugansk (LPR) – o norte do Donbass -, da ocupação ucraniana. A Rússia reconheceu a independência da LPR em fevereiro, , após oito anos de tentativas malsucedidas de reintegração à Ucrânia sob as disposições dos Acordos de Minsk de 2015, que estabeleciam autonomia e direito ao uso da língua russa inseridos na constituição e eleições.

A histórica bandeira da vitória já foi erguida em Lisichansk, que era a última cidade da LPR ainda sob controle ucraniano, como registrou a agência de notícias Ria Novosti.

A libertação da LPR foi concluída com a derrota das tropas ucranianas e neonazis na cidade de Lisichansk, bem como em várias cidades próximas – Belogorovka, Novodruzhesk, Maloryazantsevo e Belaya Gora -, já sob o controle das forças russas e dos antifascistas do Donbass.

Nessa ofensiva, foram libertados 182 quilômetros quadrados de terras da LPR das forças controladas por Kiev , acrescentou o ministério. Antes, havia sido libertada a vizinha Severodonetsk.

O chefe da República Popular de Lugansk, Leonid Pasechnik, disse que “os neonazistas ucranianos, que vieram à nossa terra para matar e roubar, foram derrotados”. Ele denunciou as táticas vis, usando civis como escudos humanos. “Portanto, nossos militares tiveram que retomar cuidadosamente, literalmente, todas as casas, todas as ruas, todas as aldeias”, acrescentou.

“Hoje, 3 de julho, é um grande dia que entrará para sempre na data vermelha no calendário de nossa Pátria. Foi hoje que o que todos nós lutamos por oito longos anos se tornou realidade. Hoje, nossas tropas, com o apoio das forças armadas russas, libertaram a cidade de Lisichansk, completando assim a libertação da República dentro de suas fronteiras históricas”, complementou Pasechnik, em mensagem à população da LPR.

Após o golpe de 2014, que derrubou o presidente legítimo e instaurou um regime cujo patrono histórico era um colaboracionista hitlerista, as áreas de maioria russa da Ucrânia se rebelaram, se negando a se submeterem a neonazistas, constituindo no Donbass republicas populares em Donetsk e em Lugansk e, na Crimeia, por referendo, se decidindo pela reunificação com a Rússia.

Protestos foram esmagados com violência em outras áreas, como em Odessa, onde 42 antifascistas foram queimados vivos na sede local dos sindicatos, sob ataque de gangues nazistas. O regime instaurado pelo golpe de 2014, com participação ostensiva dos EUA, também estabeleceu como seus objetivos a “descomunização” e a “desrussificação”, bem como o ingresso na OTAN.

Nos últimos oito anos, as repúblicas populares tentaram obter, do regime de Kiev, o cumprimento das provisões dos acordos de Minsk, cujos garantidores eram França, Alemanha e Rússia, em vão.

A libertação da LPR e da República Popular de Donetsk (DPR), que havia sido declarada dentro das fronteiras das regiões de Lugansk e Donetsk da Ucrânia em 2014, está entre os principais objetivos da operação militar especial russa no país. Uma parte significativa do território da RPD ainda permanece sob o controle da Ucrânia.

A Rússia lançou a operação em 24 de fevereiro, após as forças ucranianas multiplicarem os ataques com artilharia e mísseis contra o Donbass, depois de Kiev rechaçar em público os acordos de Minsk, e quando era iminente uma ofensiva ucraniana para esmagar a população de ascendência russa.

Nesse quadro, Moscou decidiu reconhecer a independência das então autoproclamadas repúblicas, e anunciou uma operação de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, que está em curso. A Rússia também exige que a Ucrânia se mantenha neutra – e, portanto, fora da OTAN – e sem armas nucleares, aliás, definições que já existem no Protocolo de Budapeste, assinado após a dissolução da União Soviética.