Plaza Itália lotada no dia 29 - foto Gaba

Com apitos, panelas, bandeiras chilenas e mapuche (índios notabilizados por sua resistência ao colonizador espanhol), uma multidão de chilenos voltou a encher a Praça Itália da capital, Santiago, para manifestar ao governo de Sebastián Piñera que consideram as medidas anunciadas na segunda-feira, 28, insuficientes para atender aos problemas do povo cuja solução é exigida há 12 dias de país sublevado.

Para tentar acalmar os protestos, que persistem há 12 dias, contra o modelo político e econômico, Piñera mudou 8 ministros. “A gente quer continuar se manifestando, a normalidade não tem retornado para nada nem para ninguém. A mudança de gabinete de Piñera não foi uma mudança, foi uma manobra de troca dos mesmos que já estavam trabalhando para o governo. Têm que haver mudanças estruturais, os políticos têm que aprender a escutar o povo”, disse um jovem trabalhador, membro da Juventude Comunista.

A Plataforma Unidade Social, composta por partidos de oposição, sindicatos e movimentos sociais, convocou a manifestação que conta com uma grande quantidade de pessoas que espontaneamente aderem ao protesto, originalmente para o Palácio de La Moneda, mas devido ao forte aparato de Carabineiros (como é chamada a polícia chilena), foi transferida de local.

As lojas fecharam horas antes das 17 hs. Pela mesma Alameda, principal avenida da cidade, a marcha se dirigiu para a Praça Itália.

“Tudo é pacífico, nós estamos nos manifestando em paz. São os mesmos carabineiros os que armam confusão. Estou protestando por um salário digno e saúde para nossos filhos. Dizemos ao governo que já basta de abusos com o povo. Basta já de Piñera, que vá embora!”, declarou uma funcionária pública que caminhava desde La Moneda até a rádio ADN de Santiago de Chile.

Apesar de que já não está em vigência o “estado de emergência”, nem o toque de recolher nas cidades do país andino, existe o receio de que a repressão das últimas manifestações se repita.

Além de reivindicar uma Assembleia Constituinte, as organizações que integram a Unidade Social exigem o fim das incursões das forças de segurança nas ruas do país, que já culminaram em uma série de violações dos direitos humanos.

Até a segunda-feira, o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) tinha apresentado 120 ações judiciais, entre elas, cinco por homicídio, 18 por violência sexual e 76 por torturas.

E ainda, a onze dias da primeira manifestação no metrô de Santiago, segundo o mesmo INDH, há 3535 pessoas detidas, entre elas, 375 crianças e adolescentes