Hans River, ex-funcionário de uma agência que fez disparos em massa de mensagens durante as eleições presidenciais de 2020, mentiu em depoimento e ofendeu a repórter Patrícia Campos de Mello, afirma o jornal Folha de S. Paulo.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) endossou as mentiras e amplificou pelas redes sociais a agressão de Hans à honra de Patrícia.
“Eu não duvido que a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro”, publicou em suas redes sociais.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Fake News criticaram as ofensas de Hans e acionaram o Ministério Público Federal (MPF).
O presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que “dar falso testemunho numa comissão do Congresso é crime. Atacar a imprensa com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação. Falso testemunho, difamação e sexismo têm de ser punidos no rigor da lei”.
O ex-funcionário da Yacows conversou, em novembro de 2018, com a jornalista por conta de uma ação trabalhista que tinha aberto contra a agência, por esta estar fraudando números de CPF e usando o nome de idosos para abrir linhas telefônicas que seriam usadas nos disparos em massa.
Pouco antes da matéria ser publicada, voltou atrás e pediu para “retirar tudo o que eu falei até agora, não contem mais comigo”.
Chamado para depor na CPI das Fake News, Hans mentiu, dizendo que não tinha entregue material nenhum para a Folha e falando que a jornalista tinha se “insinuado sexualmente” para tentar obter informações.
A Folha rebateu Hans, dizendo que ele entregou fotos, vídeos e planilhas provando o crime durante as eleições.
Com prints da conversa de Hans e Patrícia, a Folha provou que, na verdade, foi Hans quem convidou a jornalista para um show – e que ela ignorou o convite.
Para o presidente da CPI, ngelo Coronel (PSD-BA), “acusar alguém quando esse alguém não está presente não é um ato de coragem, é um ato de covardia”.
Para a relatora da Comissão, Lídice da Mata (PSB-BA) “tudo indica que houve um depoimento baseado em informações falsas, e isso é crime. E a CPMI deve ser a primeira a indicar esse crime [para o Ministério Público]”.
“Acho, no entanto, como mulher, que me senti diretamente agredida por esse tipo de difamação e de ataque à honra da jornalista, e como relatora de uma CPMI que precisa manter sua credibilidade, eu resolvi tomar essa iniciativa [de acionar o MPF], assim como outros parlamentares estão tomando”.