Vista noturna da cidade chinesa de Guangzhou | Foto: Xinhua

“Muitos talentos notáveis na China são membros do Partido Comunista. A decisão dos EUA ajuda a manter mais talentos na China, não é ruim, pois tira ilusões”, afirmou Hu Xijin, editor-chefe do Global Times, jornal chinês em língua inglesa, visto como um porta-voz oficioso de Pequim.

A declaração foi em resposta à nova recaída no macartismo de parte do governo Trump, que proibiu na sexta-feira que filiados a Partido Comunista imigrem para os EUA, conforme a nova orientação dos Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), com base em uma lei antiChina aprovada no Congresso. A nova “orientação” não cita explicitamente a China.

Como observou Hu, a restrição quanto à imigração imposta a membros do partido – mais de 90 milhões de filiados, dos quais dois milhões de estudantes –também levará os não-membros a pensarem duas vezes antes de ingressar na ratoeira de Trump, já adocicada por termos como ‘chinavirus’ e ‘Kung Flu’, e com tantos supremacistas brancos sempre prontos a oferecerem o joelho ao pescoço alheio.

A resposta do editor-chefe Hu foi pelo Twitter. Nos últimos meses, o secretário de Estado, Mike Pompeo, passou a fazer profissão de fé anticomunista, e não consegue dormir sem antes conferir várias vezes embaixo da cama.

Após proibir com uma canetada os “imigrantes comunistas”, o regime Trump na atual Assembleia Geral deverá, como vem fazendo nos anos recentes, votar contra a resolução da Rússia que condena a exaltação do nazismo.

A histeria anticomunista do regime Trump é parte da sua campanha de demonização da China que, sob a lideração do Partido Comunista Chinês, vem ultrapassando os EUA nos mais diversos terrenos.

O que acabou se tornando ainda mais patente diante do desafio da pandemia. Enfrentada exemplarmente pela China, se tornou um desastre de costa a costa nos EUA, com o país visto como o caso mais acabado de fracasso contra o coronavírus. 210 mil mortos e mais de 7,4 milhões de contagiados.

As provocações do regime Trump contra a China incluem o virtual sequestro no Canadá da filha do fundador da Huawei, a gigante chinesa das telecomunicações e dos smartphones, a tentativa de expulsar a Huawei das cadeias globais de fornecimento de chips, a tentativa de roubo do aplicativo TikTok, a proibição do aplicativo WeChat, a guerra tarifária contra Pequim e a exigência de que a China não erga sua indústria própria de alta tecnologia.

Ao que se somam incursões de porta-aviões nucleares e bombardeiros estratégicos norte-americanos às fronteiras chinesas, pressões sobre outros países para banirem a Huawei e outras empresas chinesas, e investidas contra o princípio de ‘Uma Só China’, base da retomada de relações entre as duas partes desde o governo Nixon.

O retorno dos setores mais extremados do establisment norte-americano ao anticomunismo mais rasteiro é, ainda, outra manifestação de que seu mundo unilateral está ruindo.