John Pilger

 A tentativa de extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, da Inglaterra para os Estados Unidos não é apenas para prender o jornalista australiano, mas tem relação com “barrar o dissenso e o jornalismo investigativo”, alertou o cineasta John Pilger.

Pilger participou de uma manifestação em defesa da Liberdade de Assange diante do prédio da Corte de Westminster, Londres, na sexta-feira (14) quando a Corte decidiu que haverá uma audiência sobre a extradição dele em fevereiro de 2020.

Pilger chamou todos os jornalistas a se manifestarem e a superarem o medo diante da ameaça que a extradição a Assange representa para as investigações jornalísticas de cada um dos profissionais.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos formulou 18 acusações contra Assange, uma delas é a de “conspirar” com a denunciante Chelsea Manning, ex-analista de inteligência norte-americana que expôs as estruturas secretas de invasão de privacidade – sem apoio judicial – em malhas de informação montadas e monitoradas pelo Pentágono.

Assange está em prisão por 50 semanas sob o pretexto de ter violado sua liberdade condicional em 2012, quando sob risco de extradição para Suécia e EUA buscou refúgio na embaixada do Equador.

O jornalista não compareceu à Audiência pois está na ala ambulatorial da prisão de Belmarsh, gravemente doente.

A decisão sobre a audiência em fevereiro de 2020 ocorre depois que o secretário do Interior inglês Sajid Javid, assinou a autorização para que os tribunais ingleses examinassem a extradição pedida pelos Estados Unidos. A submissão do atual governo inglês a Washington se revela mais uma vez na velocidade em que o pedido norte-americano foi avaliada e avalizada.

O advogado de Assange, Mark Summers, disse que o processo representa “um assalto frontal e ultrajante contra os direitos jornalísticos”.

Em recente visita a Assange na prisão o comissário especial da ONU para a tortura, Nils Melzer, denunciou que o jornalista mostrava sinais de estar sofrendo “tratamento cruel, desumano ou degradante ou ainda punições cujos efeitos cumulativos só podem ser descritos como tortura”.

“A extradição de Julian Assange aos Estados Unidos seria um golpe fatal contra todos os que buscam a verdade”, afirmou o líder político inglês, George Galloway.