Na próxima quinta-feira (24), às 18 horas, acontece o evento virtual, com transmissão ao vivo, intitulado “João Carlos Haas – 80 anos: Presente!”, em homenagem ao militante comunista morto na Guerrilha do Araguaia. A live é organizada por sua irmã, Sônia Maria Haas, com o apoio do Partido Comunista do Brasil e da Fundação Maurício Grabois.

Além de homenagear, na data de seu aniversário, o legado do “Dr. Juca”, como ficou conhecido o médico comunista que lutou e foi morto pela repressão durante a Guerrilha do Araguaia, o evento virtual lançará o projeto da revista em quadrinhos “Dr. Araguaia”, de Diego Moreira.

Nascido no dia de São João, santo do qual herdou o nome, o gaúcho João Carlos foi morto com apenas 31 anos de idade, em 30 de setembro de 1972, na região de Xambioá, de acordo com o Relatório Arroyo. “Os 80 anos de nascimento de uma pessoa que deixou marcas tão bonitas por onde passou é uma data tão marcante que eu não podia deixar em branco. Eu tinha que celebrar essa vida e, ao mesmo tempo, firmar sua memória. Nós, familiares, temos uma missão: manter viva a memória dessas pessoas que a União não reconhece como oficial e atualmente anda querendo apagar, fazer de conta que não existiu”, diz Sônia.

Sônia destaca que a live é também “uma forma de resistência”, que tem o sentido de valorizar “a vida de João Carlos e de todos os outros desaparecidos políticos do Brasil que tiveram garra e coragem para lutar pelos seus ideais. Não estamos aqui para julgá-los. Nosso papel é valorizar a vida deles, reconhecer a luta e não deixar morrer a história, além de lutarmos pela verdade, pela justiça”.

Durante o evento, será lançado também o projeto que está sendo feito pelo ilustrador Diego Moreira. Em 2013, ele resolveu registrar a história do carismático médico comunista, carinhosamente lembrado por aqueles que conviveram com ele. “Fiquei muito emocionada de ver o João Carlos naquelas páginas, desenhado com tanto cuidado”, recorda Sônia.

O projeto foi retomado recentemente e a irmã de João Carlos pretende fazer uma campanha para arrecadar recursos para pagar os ilustradores. “Uma pessoa fazer 80 anos e ter sua história contada numa revista em quadrinhos é muito bonito, é rejuvenescedor. É tornar o João Carlos novamente jovem e colocá-lo junto das novas gerações, o que é muito importante para manter a memória e a história, que não pode se apagar. Agradeço muito à iniciativa do Diego Moreira”, afirma Sônia.

Retrocessos com Bolsonaro no poder

Ao analisar a luta dos familiares de mortos e desaparecidos políticos pela verdade e a justiça e os retrocessos vividos pelo país desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência, desaguando na ascensão da extrema-direita bolsonarista, Sônia diz que “aos poucos, nos foram roubados a vida, os direitos dos trabalhadores, nossa alegria e a gente foi ficando sem rumo, sem liderança, sem força para enfrentar um momento seríssimo como este. E ainda veio a pandemia”.

Ela lembra o sentimento que veio à tona no início de todo esse processo: “nossos familiares lutaram tanto por um país melhor, perdemos pessoas tão queridas, perdemos uma geração inteira de lideranças, que está nos fazendo falta”. E conclui: “Tudo o que está acontecendo é contrário ao pensamento dessas pessoas que desapareceram, que deram suas vidas na luta pela democracia e pelo país”.

O evento será transmitido pelo Facebook do PCdoB (@pcdob65) e de Sonia Maria Haas (@soniamariahaas)

 

Por Priscila Lobregatte