Jerusalém: Milhares protestam contra violência que atinge palestinos
Milhares de manifestantes tomaram a praça e a rua que ficam diante da residência oficial do primeiro-ministro Bibi Netanyahu para protestar contra a violência anti-árabe perpetrada por fascistas seus aliados e pela polícia de Jerusalém. Entre as organizações que chamaram a manifestação desta noite de sábado (24) estão ‘Paz Agora’ e ‘Jerusalém Livre’.
A manifestação poderia ter sido maior ainda não fosse a polícia deter ônibus que vinham de outras cidades de Israel e prender os que viajavam a Jerusalém para o ato de repúdio a Netanyahu que já acontece pela 44ª semana consecutiva.
O pretexto da polícia de Jerusalém foi de que “não impedimos o direito de manifestação, mas temos que garantir a ordem e o trânsito”.
A manifestação desta semana se dá para manter a exigência que o primeiro-ministro renuncie a seu mandato em meio a seu julgamento por fraude, receptação de suborno e quebra de confiança, como nas demais demonstrações, mas desta vez os presentes protestaram também contra a agressão aos palestinos perpetrada pela prefeitura de Jerusalém, pela polícia local e pelos fascistas da organização Lehava (Labareda).
Estes últimos saíram da praça Sion, no centro de Jerusalém aos gritos de “morte aos árabes” e “fora árabes” em direção ao Portão de Damasco, uma das entradas da Jerusalém árabe murada.
Segundo os jornais israelenses Haaretz e Times of Israel, a cidade tem vivido “dias de caos” depois que a polícia, atendendo a ordens da Prefeitura, colocou barreiras para proibir a reunião de palestinos nas amplas escadarias em torno da entrada do Portão de Damasco, desde o início do período do Ramadã (um mês de concentração e orações dos muçulmanos).
Estas escadarias e pátio têm funcionado como a maior praça de convivência da Jerusalém árabe e tradicionalmente ali se reúnem os palestinos após as orações, particularmente as das sextas-feiras.
A primeira semana de fechamento do portão de Damasco, iniciada no dia 12 de abril, transcorreu tranquila depois dos líderes religiosos haverem pregado neste sentido nas mesquitas de Jerusalém, em especial a Al Aqsa, a considerada a mais sagrada da Palestina.
No entanto, a revolta com a proibição e amontoado de mais de 1.500 policiais patrulhando o local e as ruas da Jerusalém ocupada, acabou levando a protestos no dia 19 e em todas as noites subsequentes até este sábado e que foram reprimidos com granadas de percussão e de gás lacrimogênio e mais de 50 prisões. Os órgãos de saúde palestinos informam que 105 manifestantes ficaram feridos, sendo que 22 foram hospitalizados.
Um vídeo com um manifestante palestino sendo estapeado no rosto por policial israelense acirrou mais ainda os ânimos. Houve agressões de colonos judeus a lares palestinos e agressões de judeus por parte de alguns palestinos, a mais grave foi contra um israelense que estava sentado no capô de seu carro no lado palestino da cidade e foi agredido e teve seu carro incendiado. Dois ultra-ortodoxos também foram agredidos quando se dirigiam ao Muro das Lamentações.
Foi o suficiente para que as organizações fascistas de judeus israelenses passassem a pedir pelas redes sociais a morte e o enforcamento dos “árabes”. O caso mais grave foi o da página Otzma Yehudit (Coragem Judaica, como é chamada organização fascista), dirigida pelo deputado recém-eleito Itamar Ben Gvir, que trazia mensagens como “enquanto um dos atacantes árabes não for enforcado, isso não vai parar” e ainda “estamos queimando árabes hoje, os coquetéis Molotov estão em nossas sacolas”.
A eleição de Gvir teve o beneplácito de Netanyahu que orientou a organização Otzma Yehudit a formar uma coalizão com outras correntes direitistas. Eles acabaram formando a lista Sionismo Religioso e conseguindo seis cadeiras, uma delas para Itamar Ben Gvir, sucessor do proscrito Meir Kahane que foi proscrito até do parlamento israelense depois de saudar assassinos de palestinos.
Netanyahu, cuja votação tem minguado a cada uma das quatro eleições, está buscando alianças com a extrema direita, que tem se sentido com espaço para chamado a chacinas como os que estão acontecendo em Jerusalém nesta semana.