Jandira Feghali: a Federação possibilitou a permanência institucional dos partidos
Reeleita deputada federal pelo PCdoB-RJ com mais de 84 mil votos, Jandira Feghali – que também é vice-presidente nacional do Partido – venceu as eleições mais uma vez e vai para o oitavo mandato na Câmara dos Deputados. Em entrevista concedida na noite desta quinta-feira (13), Jandira disse que o pleito deste ano representa “um momento singular e fundamental da história do Brasil”.
A deputada sublinhou na entrevista a importância da aprovação da Federação Partidária nestas eleições, que, segundo ela, garantiu no Rio de Janeiro a ampliação da bancada e também, no Brasil, com a representação institucional do PCdoB, Psol, PV, Rede e do Cidadania.
“Foi a existência da Federação que possibilitou a permanência institucional de todos esses partidos. É muito importante dizer o que foi a conquista da Federação. Foi decisivo em função das restrições que existem hoje na legislação eleitoral”.
A parlamentar exaltou a garantia da representação do PCdoB na Câmara dos Deputados e da bancada que pode ser ampliada em mais três parlamentares. “E aqui no Rio, para mim, que estou indo no oitavo mandato agora, agradeço demais a confiança”, disse.
Para ela, a campanha eleitoral deste ano foi a mais emocionante e mais intensa que viveu. Apesar do tempo curto de campanha, a parlamentar disse que ouviu inúmeros depoimentos carinhosos, de muita força e de muita energia. “De muita emoção, de muita troca. De afeto, de carinho”.
“Foi uma campanha que eu entrei para contribuir nessa conjuntura de reconstrução do país, dando um pouco da minha experiência, do acúmulo que já são sete mandatos federais. É um momento para ajudar o Lula a reconstruir esse país e fazer o povo se sentir melhor”.
Para Jandira Feghali, “esse resultado foi fruto de uma história de integração com o nosso povo e de muita confiança”.
Lula no Rio de Janeiro
Sobre as eleições presidenciais, a deputada ressaltou a importância da visita do candidato da Federação Brasil da Esperança, Lula, junto à lideranças da frente ampla e da militância que estiveram juntos, no Complexo do Alemão, bairro que abriga um dos maiores conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (12).
A parlamentar, que esteve presente na manifestação com Lula, disse que o ato foi uma belíssima demonstração de apoio popular e de representatividade, pois, segundo ela, mais de um terço da população do Rio de Janeiro vivem neste tipo de comunidades.
Neste sentido, a deputada falou das dificuldades que as candidaturas progressistas tiveram em realizar uma campanha eleitoral em certas regiões da cidade.
Para ela, a vantagem do presidente Bolsonaro, “cria do Rio” sobre a candidatura de Lula no primeiro turno no estado, se deu pelas dificuldades de realização de campanha eleitoral do campo progressista em certas regiões da cidade que são comandadas por milícias, pelo tráfico e que tem muita influência de algumas igrejas neopentecostais, criadas para servir ao poder político.
Entretanto, a diferença de votos das candidaturas à presidência na cidade do Rio de Janeiro foi de apenas 127 mil votos. Dessa forma, avalia Jandira, que a presença do ex-presidente Lula no complexo do Alemão foi importante para mostrar a essa população os vários benefícios gerados pelo governo Lula nessas comunidades.
Por exemplo, disse ela, no complexo do Alemão, nós visitamos projetos onde a população foi muito beneficiada. “Foi importante a presença dele lá também para apresentar os projetos futuros com lideranças que puderam registrar esses feitos e puderam apresentar a vinculação periférica da favela e que tanto precisa que o governo olhe por essa comunidade formada em sua maioria por mulheres e homens trabalhadores que precisam de fato de políticas públicas universais.
Jandira afirmou que eles não são, como diz Bolsonaro, bandidos, mas trabalhadores que necessitam de políticas públicas como educação desde o ensino infantil até a universidade e que entre ali oportunidade de trabalho, a cultura, a educação infantil e também uma polícia bem formada. Hoje eles vivem entre o crime organizado e uma polícia autorizada para matar.
Frisando que Lula participou dessa agenda para dizer isso, disse Jandira, foi muito importante para uma multidão de pessoas ver uma manifestação muito bonita e de reaproximação novamente com o povo na cidade do Rio de Janeiro.
A deputada criticou ainda na entrevista, a ida de Bolsonaro, no feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, ao Santuário Nacional Aparecida em São Paulo. A visita do candidato a reeleição, causou alvoroço no evento religioso. Para ela, “Bolsonaro se utiliza da religião para benefício político”.
Cortes bilionários
Médica, coautora da lei que acabou com o rol taxativo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), defensora do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Ciência, Jandira Feghali avaliou também na entrevista, as consequências dos cortes bilionários, não só em programas sociais, mas em áreas como a educação, saúde e cultura para amparar o Orçamento Secreto. Segundo ela, um dos maiores casos de corrupção. “Não se sabe para onde estão indo os recursos públicos”.
Mentiras e fake news
Na entrevista, a deputada comentou também sobre a prática bolsonarista que tem se intensificado neste segundo turno, com as chamadas Fake News, além da divulgação de mentiras e informações falsas sendo contadas não só nas redes sociais, mas também nos programas eleitorais do próprio candidato e presidente da República. Citou ainda o caso da senadora recém eleita Damares que “prevaricou” ao dar depoimento sobre crimes sexuais contra crianças insinuando que esses crimes foram cometidos pela esquerda. “Se ela era ministra de Estado, tinha de ter feito algo. Porque ela não atuou? Ou ela está mentindo, ou era verdade e ela nada fez”.
Confira a íntegra da entrevista:
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