Com o acordo, as eleições imediatas não ocorrerão, derrotando manobra do ultradireitista Salvini

Acordo entre o Movimento Cinco Estrelas (M5S) e o, até agora oposicionista, Partido Democrata, fechado ao final desta quarta-feira, terá como resultado a formação de um governo de coalizão excluindo Matteo Salvini e seus correligionários da ultradireitista Liga do Norte.

Salvini, que integrava o governo italiano junto com o M5S, no cargo de ministro do Interior, empolgado com resultados de pesquisas recentes que apontavam crescimento de seu partido, pedira demissão e apresentara moção de desconfiança contra o premiê Giuseppe Conte, do M5S, para provocar uma nova eleição interrompendo o mandato conferido aos atuais deputados e que deve se concluir em 2023.

Com o acordo, as eleições imediatas não ocorrerão, derrotando a manobra de Salvini que – através de medidas desumanas, proibindo o desembarque de imigrantes resgatados de balsas e outras embarcações precárias no mar Mediterrâneo – procurava se popularizar cavalgando nos baixos instintos de uma política xenófoba, de hostilidade aos não italianos, particularmente direcionada contra a imigração de pessoas vindas da África e do Oriente Médio.

Entre as medidas, estava a proibição de atracação de navios que, em missão humanitária, resgatavam migrantes com risco de naufrágio e morte no mar. Barcos de organizações dedicas a salvar vidas na travessia (com mais frequência no trajeto da costa de Líbia até a ilha italiana de Lampedusa) estavam sob ameaça de aprisionamento e multas.

A capitã alemã Carola Rackete, que comanda o navio humanitário Sea-Watch 3, desafiou os obstáculos impostos por Salvini e forçou a entrada de seu navio, desembarcando 40 imigrantes, já em condição precária depois de dias aguardando autorização para atracar no porto de Lampedusa. A capitã chegou a ser presa e agora responde a processo movido pelo ministério que era dirigido por Salvini.

Salvini, que se dizia “amigo” de Bolsonaro e declarava apoio à indicação de seu filho como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, em demonstração de identidade com o fascismo negou-se a participar de recente festa popular em comemoração pela vitória dos aliados em 1945, libertando a Itália do nefasto regime fascista que se juntara aos nazistas para provocar a Segunda Guerra Mundial. A Itália celebra sua libertação do fascismo no dia 25 de abril.