Irací Hassler, do PC do Chile, é eleita prefeita da capital Santiago
A candidata do Partido Comunista (PC) do Chile Irací Hassler foi eleita prefeita de Santiago, capital do país. Ela venceu o candidato à reeleição, Felipe Alessandri do partido Renovación Nacional.
Nas históricas eleições deste sábado e domingo, em que foram escolhidos prefeitos, vereadores, constituintes e governadores regionais – em dois dias de votação -, Irací Hassler, de 30 anos de idade, foi uma das principais surpresas do dia vencendo com 38,85% dos votos contra os 35,26% obtidos por Alessandri.
De madrugada, Hassler, acompanhada por outras lideranças do PC, a exemplo do candidato do partido à Presidência e prefeito de Ricoleta, Daniel Jadue e da deputada Karol Cariola, dirigiu-se à Plaza de Armas, um dos locais emblemáticos do município, onde falou do triunfo, já nos momentos finais da contagem com o resultado já apontado como irreversível.
“Muito obrigada! Estamos felizes porque hoje começamos a construir um bom viver para nossos bairros. Temos um grande desafio pela frente mas, junto com vocês, o faremos possível. Vivamos bem Santiago!
“Esperamos que aquilo que acontece hoje em Santiago seja a antessala do que vem também em todo o nosso país, onde a direita não governe mais contra o nosso povo. Hoje temos uma oportunidade histórica, neste momento que é tão relevante, vamos ter uma nova Constituição e vamos ter também uma transformação da comuna de Santiago para conquistar nossa dignidade e um bom viver. Vamos com força”, disse a nova prefeita.
Hassler, economista da Universidade do Chile, ex-dirigente estudantil e vereadora, se fortaleceu criticando a administração de Alessandri, atuando na impugnação de ações recorrendo à Promotoria Municipal e denunciando, durante sua campanha, a forma violenta e ilegal com que o prefeito tratava os conflitos com estudantes que resultaram da elevação no preço das passagens e das mensalidades escolares estopins para a revolta social de outubro de 2020.
Direita ligada a Piñera obtém menos de 1/3 das vagas na constituinte
A vitória da candidata comunista acontece no bojo de uma importante derrota do governo neoliberal de Sebastián Piñera. Com quase 90% das urnas apuradas, dos 155 cidadãos eleitos como constituintes, pela primeira vez de forma paritária (igual número de homens e mulheres) e com a inclusão de 17 cadeiras reservadas para representantes dos povos originários, as duas listas que aglutinam candidatos que vão da centro-esquerda ao Partido Comunista, Listas “Apruebo” e “Apruebo Diginida’, obtiveram 33,22% dos votos.
De acordo com os dados informados até a divulgação desta matéria pelo Serviço Eleitoral, as coalizões que devem se formar no campo da centro-esquerda somam 52 cadeiras enquanto que os candidatos independentes alcançam 48 vagas.
A lista da direita, “Vamos por Chile”, que marchou unificada na esperança de obter um desempenho melhor neste pleito, recebeu 20,8% dos votos, resultado que, além de abaixo do esperado, deixa a direita ligada a Piñera como os grandes derrotados no pleito, muito distantes do um terço dos assentos necessários (52) para obstruir emendas, deixando a formação que advoga mudanças na Constituição com confortáveis dois terços dos constituintes.
O presidente chileno afirmou em coletiva de imprensa no domingo (16) no Palácio de La Moneda, sede do Executivo, que a população enviou uma mensagem dura e clara para o governo e as forças políticas tradicionais. “Os eleitores enviaram uma mensagem forte e clara ao governo e às forças políticas tradicionais de que não estão sintonizadas adequadamente com as demandas e os anseios da população”.
Candidata da Frente Ampla disputa 2º turno para o governo de Santiago
Karina Oliva, candidata a governadora da Região Metropolitana de Santiago [similar ao nosso Estado], no Chile, do Partido Comunes, irá ao segundo turno e disputará o posto com Claudio Orrego do partido Democracia Cristiana. As eleições se darão no dia 13 de junho.
A cientista política Karina celebrou a conquista usando camiseta com o jogador Sócrates, de quem se diz admiradora pelo seu exemplo ao fundar a Democracia Corintiana.
A direita foi derrotada, não só nas eleições constituintes e na campoanha para a Prefeitura da capital, a Frente Ampla, que reúne independentes de esquerda e o Partido Comunista elegeram mais da metade dos governadores, prefeitos e vereadores.