Alta dos combustíveis tem efeito corrosivo sobre a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Na semana passada, de cada 100 pessoas que se manifestaram pelo Twitter sobre o assunto, 86 tiveram como alvo o presidente da República, apontado como principal culpado pelo aumento dos preços da gasolina, etanol, diesel e gás de cozinha. Apenas 14% das pessoas tinham postura pró-governo em relação aos combustíveis.

O Estadão teve acesso ao levantamento realizado pelo estúdio de análise de dados Novelo Data, que fez varredura nas redes sociais para captar o comportamento dos usuários sobre os principais temas dos últimos dias.

No caso do Twitter, a avaliação se concentrou em citações sobre o aumento dos combustíveis feitas entre os dias 10 e 11 de março. Nestes dois dias, foram feitas mais de 590 mil menções sobre o preço dos combustíveis, somadas às publicações de Twitter e Facebook.

A analista de redes da Novelo Data, Carina Pensa, lembra que, em toda ocasião em que a Petrobrás anuncia reajustes nos combustíveis, Bolsonaro tenta transferir a responsabilidade para algum fator que não esteja ligado ao seu governo.

“Durante meses, o principal culpado pelo alto preço foram os governadores e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Esse argumento, porém, se esgarçou. Por isso, além do ICMS, Bolsonaro responsabilizou os escândalos de corrupção do PT, a guerra da Ucrânia e até o Supremo Tribunal Federal”, avalia ela.

As estratégias, segundo a especialista, não surtiram muito efeito. Então, sem conseguir frear a onda de críticas, perfis ligados ao bolsonarismo adotaram a estratégia de disseminar a fake news de que a gasolina no Brasil seria uma das mais baratas do mundo, frase que foi dita por Bolsonaro em ‘live’, que ele faz toda quinta-feira.