O aumento da informalidade foi o responsável pelo pequeno recuo da taxa de desocupação no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, segundo divulgou nesta terça-feira (19) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). Uma queda na taxa global de 12% para 11,8%. São 12,5 milhões de brasileiros sem emprego.

De um trimestre para o outro, houve acrescimento de 459 mil pessoas no contingente de ocupados. De acordo com o IBGE, isso foi puxado pela informalidade, já que 2,9% do aumento se deu no emprego sem carteira no setor privado, que registrou 11,8 milhões de empregados, e de 1,2% de trabalhadores por conta própria, que totalizou 24,4 milhões de pessoas.

No trimestre encerrado em setembro, a taxa de informalidade no mercado de trabalho subiu para 41,4%, atingindo o maior patamar da série histórica iniciada em 2015. São 38,806 milhões de brasileiros no trabalho precário, sem carteira assinada ou fazendo “bico”, o maior contingente de trabalhadores já registrado pelo IBGE.

Unidades da Federação

Ao divulgar os dados da PNAD Contínua por região, São Paulo, região de maior desenvolvimento econômico do país, foi o único estado onde a taxa de desocupação caiu do segundo para o terceiro trimestre (de 12,8% para 12%).

Segundo o IBGE, este resultado se deu por conta de uma pequena retomada da construção civil, um dos setores que mais desempregou no país, indo parar no fundo do poço desde a grave recessão econômica de 2015 e 2016, seguida da estagnação de 2017, 2018 e 2019.

A taxa de desocupação aumentou em Rondônia (1,5 p. p.) e permaneceu estagnada nas demais 25 unidades da federação.

Nos demais estados – estamos falando de 26 – nem mesmo os bicos deram conta de diminuir a desocupação. Em alguns desses, especialmente no Nordeste, a taxa chegou a um percentual altíssimo: na Bahia, a maior delas: 16,8%. No Amapá, a taxa de desocupação foi medida em 16,7% e em Pernambuco, em 15,8%.

No Rio de Janeiro, a taxa de ocupação ficou abaixo da média nacional. “A situação do Rio de Janeiro tem aspectos estruturais e conjunturais: crise econômica e a eliminação de postos de trabalho na construção e até na indústria”, analisa o instituto.

Informalidade por região

De acordo com o detalhamento dos dados do trimestre encerrado em setembro, a taxa de informalidade da população dita ocupada – que inclui empregados no setor privado sem registro, trabalhadores por conta própria, trabalhador doméstico sem carteira e trabalhador auxiliar familiar – chega a 57,9% nos estados do Norte, 53,9% no Nordeste, 38,5% no Centro Oeste, 35,9% no Sudeste e 32,2% no Sul.

Desalento

Uma camada da população invisível na taxa de desocupação é o contingente de trabalhadores que desistiram de procurar emprego – chamados desalentados. O número chegou a 4,7 milhões de pessoas no terceiro trimestre.

Tempo desempregado

Em relação ao tempo de procura, no terceiro trimestre de 2019, 46,9% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho. Em números absolutos, 1,8 milhão de desocupados buscavam trabalho há menos de um mês, enquanto 3,2 milhões procuravam uma ocupação há 2 anos ou mais.

Desemprego entre pretos (14,9%) e pardos (13,6%) ficam acima da média nacional

A taxa de desocupação desagregada por cor ou raça mostrou que a taxa dos que se declararam brancos (9,2%) ficou abaixo da média nacional; porém a dos pretos (14,9%) e a dos pardos (13,6%) ficou acima, destaca o IBGE. No primeiro trimestre de 2012, quando a taxa média foi estimada em 7,9%, a dos pretos correspondia a 9,6%; a dos pardos a 9,1% e a dos brancos era 6,6%.

O contingente dos desocupados no Brasil no primeiro trimestre de 2012 foi estimado em 7,6 milhões de pessoas, quando os pardos representavam 48,9% dessa população; seguido dos brancos, 40,2% e dos pretos 10,2%. No terceiro trimestre de 2019, esse contingente subiu para 12,4 milhões de pessoas e a participação dos pardos passou a ser de 52,9%; a dos brancos reduziu para 34,3% e dos pretos subiu para 12,8%, diz a pesquisa.


Taxa de desocupação é maior para mulheres em todas as Grandes Regiões

No período analisado pelo IBGE, a taxa de desocupação no terceiro trimestre deste ano para as mulheres ficou em 13,9% contra 10,0% para os homens. Entre as Grandes Regiões, a taxa de desocupação mais alta para mulheres foi registrada no Nordeste (16,7%) e a mais baixa no Sul (9,8%).

No terceiro trimestre de 2019, o nível da ocupação dos homens, no Brasil, foi estimado em 64,6% e o das mulheres, em 45,9%.

O percentual de mulheres na população desocupada foi superior ao de homens. No terceiro trimestre de 2019 as mulheres representavam 53,3% dessa população. A desigualdade é aplicável a todas as regiões. O Centro-Oeste registrou o maior percentual relativo de mulheres desocupadas, somando 54,8% do total.