A confiança do setor de serviços do Brasil registrou queda em fevereiro pela quarta vez seguida e foi ao nível mais fraco em nove meses, segundo dados da Fundação Getulio Vargas.

O ICS (Índice de Confiança de Serviços) caiu 2,0 pontos, para 89,2 pontos, menor nível desde maio de 2021 (88,1 pontos), de acordo com a pesquisa divulgada na quarta-feira (23).

Em fevereiro, a confiança de serviços manteve a trajetória descendente iniciada no final de 2021. A queda no mês ocorreu tanto pela piora da percepção sobre o volume de serviços no mês quanto pela redução de expectativas para os próximos meses. A desaceleração no ritmo de recuperação foi influenciada pelo surto de covid, ainda que com restrições mais brandas. Para os próximos meses, as expectativas não são muito favoráveis, dado que o cenário macroeconômico tende a se manter negativo no curto prazo, com inflação resiliente, juros em alta e confiança dos consumidores em patamar baixo“, avaliou Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

A FGV informou que o ISA-S (Índice de Situação Atual), indicador da percepção sobre o momento presente do setor de serviços, caiu 2,8 pontos e foi a 86,6 pontos, menor nível desde maio de 2021 (84,0 pontos).

Já o IE-S (Índice de Expectativas), que reflete as perspectivas para os próximos meses, perdeu 1,2 ponto, para 92,0 pontos, leitura mais baixa desde abril de 2021 (88,7 pontos).

Emprego

O percentual de empresas que planejam aumentar seu quadro de funcionários nos próximos meses também caiu. Segundo a FGV, Nos últimos meses, além da queda na confiança, o saldo do emprego previsto tem sinalizado perda de força no ritmo de recuperação, registrando também quatro de quedas consecutivas em médias móveis trimestrais. O percentual de empresas que planejam aumentar seu quadro de funcionários nos próximos meses também caiu.

O setor de serviços representa cerca de 70% do Produto Interno Bruto e foi bastante atingido pela pandemia, com a suspensão das atividades no auge da crise para salvar milhares de vida. Em 2020, o setor despencou 7,8%. No ano passado, com a retomada das atividades presenciais e a vacinação, apesar do boicote aberto de Bolsonaro, o setor encerrou 2021 com resultado positivo em 10,9%, segundo o IBGE.

Na avaliação de economistas, apesar dessa recuperação, principalmente graças à vacinação, a situação ainda é de instabilidade diante da recessão, da inflação, do desemprego elevado e da renda desabando.