Vista do Edifício Itália, região central

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), conhecido como a “inflação do aluguel”, já acumula alta de 3,68% em 2022 após ter registrado nos dois primeiros meses do ano altas de 1,82% e 1,83%. Calculado pelo Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice é composto pela variação de preços de commodities, combustíveis e custos da construção – sofrendo, portanto, influência das oscilações do dólar.

Em 12 meses, o IGP-M já acumula alta de 16,12%, percentual que será aplicado sobre os aluguéis residenciais e comerciais reajustados em março. Com os preços gerais também nas alturas, as rendas das famílias em queda livre e a economia em crise, o reajuste dos aluguéis pelo IGP-M é mais um elemento que castiga os brasileiros.

A escalada da inflação do aluguel coincidiu com o período da pandemia, quando o IGP-M chegou a registrar variação de absurdos 34%. A realidade é que não faz sentido manter os aluguéis indexados a um índice composto em pelo menos 60% pelas variações dos custos de produção e produtos primários, enquanto os salários sequer têm reajustes que repõem a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA.

“A inflação ao produtor fechou o mês de fevereiro sob influência dos preços de grandes commodities, como soja (de 4,05% para 8,91%), milho (de 5,64% para 7,92%) e combustíveis, com destaque especial para o óleo Diesel (de 2,30% para 5,53%). A contribuição desses três itens respondeu por 45% da taxa apurada pelo IPA”, destacou André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.

O IGP-P é composto:

– 60% pelo índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que em fevereiro subiu 2,36% e já havia subido 2,30% em janeiro;

– 30% pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que variou 0,33% em fevereiro e 0,42% em janeiro;

– 10% pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), cuja variação foi de 0,48% em fevereiro e de 0,64% em janeiro.

Renda em queda e carestia

A prévia da inflação de fevereiro registrou a maior taxa para o mês dos últimos seis anos, acumulando em 12 meses alta de 10,76%. Não é só o aluguel que os brasileiros sofrem para pagar à medida que alimentos, combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica, todos com preços em disparada, compõem um cenário de carestia que empobrece a população e paralisa o consumo.

Os sucessivos reajustes dos preços dos alimentos, por exemplo, elevaram o custo de uma cesta básica (conjunto de alimentos básicos necessários para alimentar uma família em um mês) a R$ 713,86 em São Paulo em janeiro, segundo apurou o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A entidade também diz que, para ser possível que uma família viva dignamente e consiga se alimentar, pagar aluguel e ter acesso ao mínimo de saúde e lazer aos preços do Brasil de hoje, o salário mínimo deveria ser de R$ 5.997,14.