A indústria de transformação – a indústria que transforma matéria-prima bruta para outras
indústrias – ficou estagnada em 2019, com uma variação ínfima de 0,1% em relação a 2018. Foi
o pior resultado dos últimos três anos, segundo dados do IBGE, ao divulgar o resultado do
Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, que cresceu apenas 1,1%.
Nos dois anos após a grande recessão de 2014-2016, a indústria de transformação no primeiro
governo de Bolsonaro obteve resultado inferior aos verificados em 2017 (2,3%) e 2018 (1,5%).
Nessa situação, a participação da indústria de transformação no PIB – indicador que mede a
atividade econômica do país – ficou em 11% em 2019. É o menor nível desde 1995, sendo que
naquele ano o percentual de participação foi de 16,8% e chegou a 17,8% em 2004.
Na série histórica de mais longo prazo, acompanhada pelo pesquisador Paulo Morceiro, em
entrevista ao Valor, esses 11% são a menor participação da indústria no PIB desde 1947.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a indústria de
transformação foi duramente atingida pela queda nos investimentos. “O investimento, que é o
verdadeiro motor do crescimento econômico, sofreu uma forte desaceleração, passando de
3,9% em 2018 para 2,2% em 2019”, ressaltou o IEDI.
“Com o investimento perdendo força, principalmente aquele em máquinas e equipamentos, e
as exportações em queda, sobretudo as do ramo automobilístico para a Argentina, o
desempenho da indústria de transformação foi duramente atingido, levando o setor a uma
virtual estagnação em 2019: +0,1% no acumulado do ano”.
“O último trimestre de 2019 tampouco trouxe um alento para o investimento, que voltou a
ficar no vermelho sob qualquer ponto de vista”, destacou o IEDI. Frente ao terceiro trimestre
de 2019, já descontados os efeitos sazonais, a queda foi de -3,3%, a mais intensa desde o
terceiro trimestre de 2016.