Em nota divulgada na segunda-feira (11), o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) informou que abriu um processo para investigar campanhas em redes sociais atribuída ao Ifood, que teriam sido realizadas para desmobilizar uma paralisação dos entregadores por melhores condições de trabalho no ano passado.

As denúncias foram feitas em reportagem da “Agência Pública”, que afirma que a empresa contratou agências de comunicação para difamar o movimento dos entregadores, com a criação de fake news e de perfis falsos nas redes sociais para atingir as lideranças do movimento.

Segundo a reportagem, essas agências, a serviço do iFood, teriam monitorado movimentos grevistas de entregadores por meses e infiltrado agentes em manifestações.

Será investigada a denúncia de que campanhas virtuais foram produzidas para circular conteúdos contrários a paralisações da categoria, além de mediar críticas feitas ao IFood através da criação destes perfis. Entre eles estão as campanhas “Não Breca Meu Trampo” e “Garfo na Caveira” e mais oito perfis falsos. As páginas postavam conteúdo com vícios de linguagem que buscavam imitar jargões dos entregadores de delivery.

Em “nota de esclarecimento”, o iFood afirmou que “nunca atuou ou autorizou fornecedores ou funcionários a atuarem para desmobilizar manifestações de entregadores, e nunca bloqueou as contas de manifestantes, em nenhuma circunstância”. Disse também que contratou uma consultoria especializada “para investigar se houve violação do Código de Conduta e Ética da empresa por funcionários ou fornecedores” e que encerrou o contrato com a agência de comunicação citada na denúncia.

De acordo com a assessoria de imprensa do Conar, a previsão é que o relator do processo apresente um parecer em até 30 dias. Apesar das medidas do Conar não terem força de lei e o conselho não ter poder de determinar multas, as condenações e advertências da entidade publicitária costumam ser sempre atendidas pelos anunciantes e agências de publicidade, e são usadas como referências para o mercado brasileiro e para propagandas e campanhas futuras.