O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (AssIBGE) divulgou nota, na última sexta-feira (30), em repúdio aos ataques feitos por Paulo Guedes, que tenta depreciar os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad-Contínua) em que a taxa de desemprego aparece em 14,6%, atingindo mais de 14 milhões de pessoas. Para a AssIBGE, trata-se de preocupantes “demonstrações públicas de ignorância e inépcia por parte de um ministro de economia”.

“O IBGE é reconhecido pela excelência do quadro de servidores e goza da confiança do povo brasileiro. Resistirá aos ataques promovidos por esta caquistocracia que há de sucumbir aos bons ventos da democracia”, afirmou o sindicato.

O termo caquistocracia é usado para designar sistemas de governo onde os líderes são os cidadãos mais inescrupulosos, menos qualificados e/ou com as piores qualidades.

“Sob o argumento de que a instituição – vinculada ao Ministério da Economia – está na era da pedra lascada, não esconde seu desejo candente de restabelecer um tempo no qual os dados podiam ser escondidos. As saudades do governo Pinochet, no qual atuou, parecem lhe perturbar a alma”, continua a nota.

Também na sexta-feira (30), ao sair de um evento no Rio de Janeiro, Guedes atacou os dados da Pnad por não compactuarem com sua narrativa de “retomada em V” da economia ao demonstrar o desemprego em massa que aflige o povo.

“A Pnad do IBGE está muito atrasada, pesquisa feita por telefone. É muito superior a metodologia do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], que vem direto das empresas. Então, vamos ter que rever, inclusive acelerar os procedimentos lá no IBGE, porque o IBGE ainda está na idade da pedra lascada”, disse Guedes.

A entidade explica que o CAGED cumpre um papel diferente, se voltando para “o controle de admissões e demissões de empregados do regime celetista, pelo que não contempla a totalidade do mercado de trabalho ao não tratar dos informais, os trabalhadores por conta própria e os servidores públicos”.

Os dados do IBGE, por sua vez, são mais abrangentes e reúnem informações tanto do mercado formal quanto do informal, retratando o conjunto do mercado de trabalho. “Cabe lembrar também que o CAGED passou por mudanças metodológicas e operacionais implementadas de forma atabalhoada (como seria de se esperar da atual gestão), provocando descontinuidade nos dados coletados”, diz a AssIBGE.

A entidade denuncia, ainda, que a “confusão propagada por Guedes, vinda, portanto, por uma figura da alta hierarquia da área econômica do governo, são reveladoras ou de indigência política, ou intelectual”, diz a entidade.

“No caso de Paulo Guedes, porém, elas já não causam mais surpresa. Este sujeito que, apresentado como o coração do governo, nesta quadra já se revela como um mero protozoário da cena política, ou, talvez, um vírus”, completou.